O poeta paulista (1934-2006) revela como
é a poesia em seu sítio: um domínio de metáforas a nadar no córrego dos dias,
uma para cada dia. E nesse domínio frutificam as palavras para nomear os
nascentes seres estranhos, do que decorre a abertura de outros tantos
dicionários.
Perceba, leitor, que o poeta usa todos
os sentidos, a visão em especial, para arriscar-se na captura do que há por
trás das imagens do conjecturado sítio: um transbordamento da natureza que
resulta, por igual, na exacerbação da aventura semântica sobre a terra.
J.A.R. – H.C.
Um Pomar na Primavera
(Claude Monet: pintor
francês)
A Poesia e Seu Sítio
O sítio,
viveiro de signos.
Seres estranhos
nascendo,
nomeá-los convinha.
Um outro dicionário
então se abria.
Os frutos brilhando,
o permanente cio.
Como deter
o alarido de imagens?
Palavras novas
logo soavam
como trinos.
E num córrego
nadava a metáfora
de cada dia.
Colheita de Maçã
(Camille Pissarro:
pintor francês)
Referência:
PENIDO, Samuel. A poesia e seu sítio. In:
CONGÍLIO, Mariazinha (Selecção e Coordenação). Antologia de poetas
brasileiros. 1. ed. Lisboa, PT: Universitária Editora, 2000. p. 175.
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