Brown, autor escocês, afirma no poema
abaixo que o poeta é, antes de tudo, um artesão, embora, num sentido mais
profundo, tenha uma função maior, essencialmente solitária, qual seja, a “a
interrogação do silêncio”.
Trata-se de um aedo, em suma, a
distribuir música e dança ao povo, enquanto vaga a difundir a notícia da terra,
do mundo supremo, das forças universais a se expressarem por meio de mais
ninguém, cujas palavras são permeadas de grande mutismo.
J.A.R. – H.C.
George Mackay Brown
(1921-1996)
The Poet
Therefore he no more
troubled the pool of silence.
But put on mask and cloak,
Strung a guitar
And moved among the
folk.
Dancing they cried,
‘Ah, how our sober
islands
Are gay again, since
the blind lyrical tramp
Invaded the Fair!’
Under the last dead
lamp
When all the dancers
and masks had gone inside
His cold stare
Returned to its true
task, interrogation of silence.
Dança para a Música
do Tempo
(Nicolas Poussin:
pintor francês)
O Poeta
Daí ele não mais turbou
o poço do silêncio.
Mas pôs-se a máscara
e o manto,
Encordoou um violão
E circulou entre as
pessoas.
Dançando elas
gritaram,
‘Ah, como nossas
sóbrias ilhas
Estão alegres
novamente, desde que o cego e lírico errante
Invadiu a Feira!’
Sob a última lâmpada
apagada
Quando todos os
dançarinos e máscaras haviam se retirado
Seu olhar frio
Retornou à sua verdadeira
tarefa, a interrogação do silêncio.
Referência:
BROWN, George Mackay. The poet. In:
BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best poems on the
underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 33.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário