Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 6 de maio de 2017

Pierre Jean Jouve - Mundo Sensível

A revelar certo padrão místico, este poema de Jouve evoca as forças do universo para celebrar a vida – e mesmo a morte –, enquanto resultantes das linhas de força do magneto que a tudo atrai em sua unidade.

Há suficiente intertextualidade bíblica nas palavras do poeta, e com elas, tal como no Gênesis, cria-se um mundo: a experiência poética torna-se também experiência espiritual, desde o princípio até a sua convolação no sagrado.

J.A.R. – H.C.

Pierre Jean Jouve
(1887-1976)

Monde Sensible

L’âme est seule au-dessus du monde bleu
De la terre belle et animale, sans espace.

Un jour la terre en mouvement
Avec les tons, les brises, l’odeur du sexe et les saisons
Et les rires qui comme les paroles ne reviennent plus

Et les arbres dont le bord est majestueux
Et sous la chaleur immense les efforts
Du passager ou voyageur,

Ne sont rien à l’âme obscure et qui se meut
Vers un autre pouvoir et vers une autre touche
D’adoration

A l’intérieur de son aveugle ressort;
mais d’autres jours
Tout est un, et un en un, et tout en un
Et un en Dieu
Et Dieu présent dans le tronc d’arbre mort.

O Quarto Dia da Criação
(Caroline Street: artista sul-africana)

Mundo Sensível

A alma paira sozinha acima do mundo azul
Da terra bela e animal, sem espaço.

Um dia a terra em movimento
Com os tons, as brisas, o cheiro do sexo e as estações
E os risos que como as palavras não mais regressam

E as árvores de majestosas frondes
E sob o calor imenso os esforços
Do passageiro ou viajante,

Não são nada à alma obscura e que se move
Em direção a um outro poder e a um outro toque
De adoração

No âmbito de seu cego arbítrio;
só que de outros dias
Tudo é uma coisa só, e uno no uno, e tudo no uno
E uno em Deus
E Deus presente no tronco morto de árvore.

Referência:

JOUVE, Pierre Jean. Monde sensible. In: DÉCAUDIN, Michel (Éd.). Anthologie de la poésie française du XXe siècle. Préface de Claude Roy. Édition revue et augmentée. Paris, FR: Gallimard, 2000. p. 197. (Collection ‘Poésie’)

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