A revelar certo padrão místico, este
poema de Jouve evoca as forças do universo para celebrar a vida – e mesmo a
morte –, enquanto resultantes das linhas de força do magneto que a tudo atrai
em sua unidade.
Há suficiente intertextualidade bíblica
nas palavras do poeta, e com elas, tal como no Gênesis, cria-se um mundo: a
experiência poética torna-se também experiência espiritual, desde o princípio
até a sua convolação no sagrado.
J.A.R. – H.C.
Pierre Jean Jouve
(1887-1976)
Monde Sensible
L’âme est seule
au-dessus du monde bleu
De la terre belle et animale,
sans espace.
Un jour la terre en
mouvement
Avec les tons, les
brises, l’odeur du sexe et les saisons
Et les rires qui
comme les paroles ne reviennent plus
Et les arbres dont le
bord est majestueux
Et sous la chaleur
immense les efforts
Du passager ou
voyageur,
Ne sont rien à l’âme
obscure et qui se meut
Vers un autre pouvoir
et vers une autre touche
D’adoration
A l’intérieur de son
aveugle ressort;
mais d’autres jours
Tout est un, et un en
un, et tout en un
Et un en Dieu
Et Dieu présent dans
le tronc d’arbre mort.
O Quarto Dia da
Criação
(Caroline Street:
artista sul-africana)
Mundo Sensível
A alma paira sozinha
acima do mundo azul
Da terra bela e
animal, sem espaço.
Um dia a terra em
movimento
Com os tons, as
brisas, o cheiro do sexo e as estações
E os risos que como
as palavras não mais regressam
E as árvores de
majestosas frondes
E sob o calor imenso
os esforços
Do passageiro ou
viajante,
Não são nada à alma
obscura e que se move
Em direção a um outro
poder e a um outro toque
De adoração
No âmbito de seu cego
arbítrio;
só que de outros dias
Tudo é uma coisa só,
e uno no uno, e tudo no uno
E uno em Deus
E Deus presente no
tronco morto de árvore.
Referência:
JOUVE, Pierre Jean. Monde sensible. In:
DÉCAUDIN, Michel (Éd.). Anthologie de la poésie française du XXe siècle.
Préface de Claude Roy. Édition revue et augmentée. Paris, FR: Gallimard, 2000.
p. 197. (Collection ‘Poésie’)
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