Uma estrela no firmamento onde planam todos
os espíritos que espargem poesia sobre a terra, e a quem se oferece, à escolha,
o calor das chamas e o espinho capaz de atrair a divindade como testemunha.
Num coração aflito, é a dedicatória de
um sofrimento em vida que se interpõe em grande parte dos poemas de Dickinson,
sofrimento que se deduz como privação ou carência de afeto, talvez mais mental
que físico, de onde, seja como for, decorre algum proveito espiritual.
J.A.R. – H.C.
(1878-1967)
Public Letter to
Emily Dickinson
Five little roses
spoke
for God to be near
them,
for God to be the
witness.
Flame and thorn were
there
in and around five
roses,
winding flame,
speaking thorn.
Pour from the sea
one hand of salt.
Take from a star
one finger of mist.
Pick from a heart
one cry of silver.
Let be, give over
to the moving blue
of the chosen shadow.
Let be, give over
to the ease of gongs,
to the might of
gongs.
Share with the
flamewon,
choose from your
thorns,
for God to be near
you,
for God to be
witness.
(Patrick Hennessy:
pintor irlandês)
Carta Aberta a Emily
Dickinson
Cinco rosinhas
pediram
a Deus, que chegasse
perto,
a Deus, que
testemunhasse.
Chama e espinho
estavam dentro
E em torno das cinco rosas,
Chama inquieta, voz
de espinho.
Do mar um pingo
colhe de sal;
daquela estrela,
algo de névoa;
o ai de prata
de um coração.
Larga, abandona
ao móbil azul
da sombra mais rara.
Larga, abandona
à calma dos gongos,
à força dos gongos.
Divide com as chamas,
teu espinho elege,
para que Deus chegue
perto,
para que Deus
testemunhe.
Referência:
SANDBURG, Carl. Carta aberta a Emily
Dickinson. Tradução de Carlos Drummond de Andrade. In: ANDRADE, Carlos Drummond
de. Poesia traduzida. Organização e notas de Augusto Massi e Júlio
Castañon Guimarães. Introdução de Júlio Castañon Guimarães. São Paulo, SP:
Cosac Naify, 2011. Em inglês: p. 346; em português: p. 347. (Coleção “Ás de
colete”; 20)
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário