A literatura, é claro, também vive de
paródias: nesta que ora postamos, a poetisa Ruiz – ex-esposa do também poeta
Paulo Leminski – parodia o aclamado poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade, cujo
argumento expõe a figura do título a situações-limite.
Pondere-se que até mesmo o título do poema foi rearranjado para deixar explícito o pastiche tencionado. Ademais, muda-se o sexo do personagem, que agora passa a ser feminino – distintamente do poema “Agora, ó José”, da mineira Adélia Prado, tal e qual, um diálogo franco com o poema de Drummond.
Pondere-se que até mesmo o título do poema foi rearranjado para deixar explícito o pastiche tencionado. Ademais, muda-se o sexo do personagem, que agora passa a ser feminino – distintamente do poema
Como na poesia parodiada, nesta, a
Maria se encontra em posição existencial nada confortável: sozinha, agora há de
enfrentar, em meio à hipocondria, as circunstâncias da mundanidade sem o apoio de ninguém. E
agora, Maria?
J.A.R. – H.C.
Alice Ruiz
(n. 1956)
Drumundana
E agora, Maria?
O amor acabou
A filha casou
O filho mudou
Teu homem
Foi pra vida
Que tudo cria
A fantasia
Que você sonhou
Apagou
À luz do dia
E agora, Maria?
Vai com as outras
Vai viver
Com a hipocondria
Autorretrato: jovem
desenhando
(Marie-Denise Villers:
pintora francesa)
Referência:
RUIZ, Alice. Drumunduna. In:
__________. Pelos pelos. São Paulo, SP: Brasiliense, 1984. p. 60.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário