Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Victor Hugo - Misérrimo montão de vaidades do homem

Victor Hugo quase se parece ao redator do Eclesiastes – vaidade de vaidades, tudo é vaidade! –, nesta poesia datada de 5 de janeiro de 1849, recolhida em “Les quatre vents de l’esprit” (“Os quatro ventos do espírito”), de 1881.

De 1885 é a tradução de Fontoura Xavier, que, por vezes, para manter a métrica e o esquema de rimas emparelhadas, se afasta um pouco do texto original, sem no entanto comprometer, a meu ver, o belo resultado final.

J.A.R. – H.C.

Victor Hugo
(1802-1885)

Ô misérable amas de vanités humaines

Ô misérable amas de vanités humaines,
Rêves! Au premier vent qui souffle dans les plaines,
Comme tout se disperse et tout s’évanouit!
Puissance, amour, douleur qui brûle dans la nuit,
Orgueils et voluptés, colères enflammées,
Comme cela se mêle à toutes les fumées!
À quoi bon tant d’ardeur et tant d’emportement
Pour arriver si vite à tant d’abattement!
Hommes! Pourquoi ce bruit, et pourquoi faire attendre
Des colosses au monde? On croit, à vous entendre
Rugir dans le brasier des sombres passions,
Au milieu des fureurs et des ambitions,
Autour de ce que l’âme embrasse, craint, désire,
Que vous êtes de bronze, et vous êtes de cire!

5 janvier 1849

Alegoria da Vaidade
(Trophime Bigot: pintor francês)

Misérrimo montão de vaidades do homem

Misérrimo montão de vaidades do homem,
Sonhos! que o menor vento e o menor sopro somem
Como se acaba tudo e tudo se dispersa!
O poderio, a dor, a dor na noite imersa,
Cólera, orgulho, amor, tudo, tudo, em resumo,
Não é mais do que pó, não é mais do que fumo!
Para que tanto afã, por que tanta esperança,
Se em vão se corre atrás de um bem que não se alcança?
Dizei, homens! por quê? Por que sempre rugindo
Ameaçais mar e céu? Dir-se-ia, em vos ouvindo
Soprar nesse braseiro aceso de paixões,
No meio do furor das vossas ambições,
Em torno do que a alma abraça, crê e espera,
Que sois feitos de bronze, e entanto sois de cera!

5 janeiro 1849

Referências:

Em Francês

HUGO, Victor. Ô misérable amas de vanités humaines. Disponível neste endereço. Acesso em: 30 ago. 2016.

Em Português

HUGO, Victor. Misérrimo montão de vaidades do homem. Tradução de Fontoura Xavier. In: TEIXEIRA, Múcio (Org.). Hugonianas: poesias de Victor Hugo traduzidas por poetas brasileiros. 2. ed. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1885. p. 271-272.

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