Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Günter Grass - Transformação

É do Nobel de Literatura de 1999 o poema de hoje: Grass afirma a necessidade de sermos retirados de nossa zona de conforto para que possamos experimentar transformações significativas em nosso modo de ser, passando a compreender melhor qualquer coisa que se nos apresente, mesmos os fatos da natureza.

Com efeito, sentir-se incomodado desencadeia os mecanismos internos capazes de levar à solução dos dilemas quotidianos – isto se outro não for o recurso então empregado, vale dizer, o expediente empobrecedor associado à adoção de estratégias de fuga do problema...

J.A.R. – H.C.

Günter Grass
(1927-2015)

Wandlung

Plötzlich waren die Kirschen da,
obgleich ich vergessen hatte,
dass es Kirschen gibt
und verkünden liess:
Noch nie gab es Kirschen –
waren sie da, plötzlich und teuer.

Pflaumen fielen und trafen mich.
Doch wer da denkt,
ich wandelte mich,
weil etwas fiel und mich traf,
wurde noch nie von fallenden Pflaumen getroffen.

Erst als man Nüsse in meine Schuhe schüttete
und ich laufen musste,
weil die Kinder die Kerne wollten,
schrie ich nach Kirschen, wollt ich von Pflaumen
getroffen werden – und wandelte mich ein wenig.

Crianças Correndo
(Andrew Macara: pintor inglês)

Transformação

De repente, as cerejas estavam ali,
embora eu houvesse esquecido
que elas existem
e deixado de declarar:
Até agora jamais frutificaram cerejas –
elas estavam ali, subitâneas e custosas.

Ameixas caíram sobre mim.
Mas quem imagina que
fui eu transformado,
porque algo caiu e atingiu-me,
nunca foi atingido pela queda de ameixas.

Somente quando despejaram nozes em meus sapatos
e vi-me obrigado a correr,
porque as crianças desejavam as amêndoas,
Eu gritei para as cerejas, quis que as ameixas
me tocassem – e me transformei um pouco.

Referência:

GRASS, Günter. Wandlung. In: PLOTZ, Helen (Sel.). Poems from the german. Drawings by Ismar David. A Bilingual Edition: German - English. New York, NY: Thomas Y. Crowell Company, 1967. p. 6.

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