Temos aqui um poeminha do dramaturgo e poeta francês, à moda de quadras
de fácil assimilação e récita, a falar de amor, esse sentimento que, uma vez
iniciado, tem o condão de perdurar por pura inércia, até que... talvez se
extinga. Pois como dizia o poetinha: que o amor seja “eterno enquanto dure”!
Como se vê, é um tipo de poesia ligeira, escrita para divertimento, com
linguagem simples e acessível, capaz de seduzir os leitores, como se disse,
pelo seu estilo fluido, ritmado e naturalmente musical.
J.A.R. – H.C.
Paul Géraldy
(1885-1983)
Méditation
On aime d’abord par hasard,
Par jeu, par
curiosité,
Pour avoir dans un
regard
Lu des possibilités.
Et puis comme au fond
soi-même
On s’aime beaucoup,
Si quelqu’un vous aime, on l’aime
Par conformité de goût.
Pour l’amour d’aimer on s’invite
A partager ses moindres maux.
On prend l’habitude, très vite,
D’échanger de petits mots.
Quand on a longtemps dit les mêmes,
On les redit sans y penser…
Et alors, mon Dieu, l’on aime
Parce qu’on a
commencé.
São Petersburgo
(Leonid Afremov:
pintor israelense)
Meditação
A gente começa a amar
Por simples
curiosidade,
Por ter lido num
olhar
Certa possibilidade.
E como, no fundo, a
gente
Se quer muito bem,
Ama quem a ama,
somente
Pelo gosto igual que
tem.
Pelo amor de amar
começa
A repartir dor por
dor.
E se habitua depressa
A trocar frases de
amor.
E, sem pensar, vai
falando
De novo as que já
falou…
E então, continua
amando
só porque já começou.
Referência:
GÉRALDY, Paul. Méditation / Meditação.
Tradução de Guilherme de Almeida. In: ALMEIDA, Guilherme de (Seleção e
tradução). Poetas de França.
Prefácio de Marcelo Tápia. 5. ed. São Paulo, SP: Babel, 2011. Em francês: p.
160; em português: p. 161.
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