Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 12 de junho de 2016

Paul Géraldy - Meditação

Temos aqui um poeminha do dramaturgo e poeta francês, à moda de quadras de fácil assimilação e récita, a falar de amor, esse sentimento que, uma vez iniciado, tem o condão de perdurar por pura inércia, até que... talvez se extinga. Pois como dizia o poetinha: que o amor seja “eterno enquanto dure”!

Como se vê, é um tipo de poesia ligeira, escrita para divertimento, com linguagem simples e acessível, capaz de seduzir os leitores, como se disse, pelo seu estilo fluido, ritmado e naturalmente musical.

J.A.R. – H.C.

Paul Géraldy
(1885-1983)

Méditation

On aime d’abord par hasard,
Par jeu, par curiosité,
Pour avoir dans un regard
Lu des possibilités.

Et puis comme au fond soi-même
On s’aime beaucoup,
Si quelqu’un vous aime, on l’aime
Par conformité de goût.

Pour l’amour d’aimer on s’invite
A partager ses moindres maux.
On prend l’habitude, très vite,
D’échanger de petits mots.

Quand on a longtemps dit les mêmes,
On les redit sans y penser…
Et alors, mon Dieu, l’on aime
Parce qu’on a commencé.

São Petersburgo
(Leonid Afremov: pintor israelense)

Meditação

A gente começa a amar
Por simples curiosidade,
Por ter lido num olhar
Certa possibilidade.

E como, no fundo, a gente
Se quer muito bem,
Ama quem a ama, somente
Pelo gosto igual que tem.

Pelo amor de amar começa
A repartir dor por dor.
E se habitua depressa
A trocar frases de amor.

E, sem pensar, vai falando
De novo as que já falou…
E então, continua amando
só porque já começou.

Referência:

GÉRALDY, Paul. Méditation / Meditação. Tradução de Guilherme de Almeida. In: ALMEIDA, Guilherme de (Seleção e tradução). Poetas de França. Prefácio de Marcelo Tápia. 5. ed. São Paulo, SP: Babel, 2011. Em francês: p. 160; em português: p. 161.

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