Para os amantes dos felinos, vai aqui mais um poema sobre a brava e
enigmática natureza dos gatos, de autoria do francês Rollinat, cujas criações já
algumas vezes postamos neste bloguinho.
O poema, bem mais longo que as três estrofes selecionadas pelo editor
francês da obra em referência, faz um precioso inventário não só dos aspectos
físicos dos bichanos, como também de seu comportamento, em especial do cotidiana
sesta depois da ceia.
J.A.R. – H.C.
Maurice Rollinat
(1846-1903)
Étude de chat
Longue oreille, des
crocs intacts, des vrais ivoires,
Le corps svelte
quoique râblu,
Son beau pelage court
et gris à barres noires
Lui faisant un maillot velu;
Des yeux émeraudés, vieil or, mouillant leur flamme
Qui, doux énigmatiquement,
Donnent à son minois le mièvre et le charmant,
D’un joli visage de femme.
Avec cela rôdeur des gouttières, très brave,
Fort et subtil, tel est ce chat,
Pratiquant à loisir
le bond et l’entrechat,
Au grenier comme dans
la cave.
Dans: “Les Bêtes” (1911)
Gato no Telhado
(Fernando Botero:
artista colombiano)
Estudo de gato
Longas orelhas, de
presas intactas, de autêntico marfim,
O corpo esbelto ainda
que robusto,
Seu belo pelo curto e
cinza com listas negras
Cinge-lhe como um
colete lanoso;
De olhos esmeralda,
ouro velho, umedece sua chama
Que, enigmaticamente doce,
Transmite à face a
brandura e o encanto
De um formoso rosto
de mulher.
Qual um nômade das
calhas, muito intrépido,
Forte e sutil, assim
é esse gato,
Praticante no lazer do
salto e da cabriola,
Quer no sótão quer na
cave.
De: “Os animais” (1911)
Referência:
ROLLINAT, Maurice. Étude de chat. In:
NOVARINO-POTHIER, Albine (Éd.). Le chat
em 60 poèmes. Paris: Omnibus, 2013. p. 103.
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