Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Maurice Rollinat - Estudo de gato

Para os amantes dos felinos, vai aqui mais um poema sobre a brava e enigmática natureza dos gatos, de autoria do francês Rollinat, cujas criações já algumas vezes postamos neste bloguinho.

O poema, bem mais longo que as três estrofes selecionadas pelo editor francês da obra em referência, faz um precioso inventário não só dos aspectos físicos dos bichanos, como também de seu comportamento, em especial do cotidiana sesta depois da ceia.

J.A.R. – H.C.

Maurice Rollinat
(1846-1903)

Étude de chat

Longue oreille, des crocs intacts, des vrais ivoires,
Le corps svelte quoique râblu,
Son beau pelage court et gris à barres noires
Lui faisant un maillot velu;

Des yeux émeraudés, vieil or, mouillant leur flamme
Qui, doux énigmatiquement,
Donnent à son minois le mièvre et le charmant,
D’un joli visage de femme.

Avec cela rôdeur des gouttières, très brave,
Fort et subtil, tel est ce chat,
Pratiquant à loisir le bond et l’entrechat,
Au grenier comme dans la cave.

Dans: “Les Bêtes” (1911)

Gato no Telhado
(Fernando Botero: artista colombiano)

Estudo de gato

Longas orelhas, de presas intactas, de autêntico marfim,
O corpo esbelto ainda que robusto,
Seu belo pelo curto e cinza com listas negras
Cinge-lhe como um colete lanoso;

De olhos esmeralda, ouro velho, umedece sua chama
Que, enigmaticamente doce,
Transmite à face a brandura e o encanto
De um formoso rosto de mulher.

Qual um nômade das calhas, muito intrépido,
Forte e sutil, assim é esse gato,
Praticante no lazer do salto e da cabriola,
Quer no sótão quer na cave.

De: “Os animais” (1911)

Referência:

ROLLINAT, Maurice. Étude de chat. In: NOVARINO-POTHIER, Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes. Paris: Omnibus, 2013. p. 103.
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