Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 25 de junho de 2016

Christian Poslaniec - Lição de poesia

Encontrei o poema abaixo numa pequena antologia poética produzida por um colégio localizado em Estrasburgo, cujo nome, “François Truffaut”, faz homenagem ao grande diretor de cinema francês.

Christian Poslaniec, o seu autor, é um escritor especializado em literatura infantil e juvenil, podendo tal faceta ser constatada nos versos a seguir transcritos: o poeta imagina-se como um poema escrito por um infante, resultante de experiências visuais, táteis, olfativas e auditivas, autênticos “buquês de emoções, lotes de sensações, verdadeiras, vivenciadas”, matéria-prima indispensável à boa poesia!

J.A.R. – H.C.

Christian Poslaniec
(n. 1944)

Leçon de poésie

Si j’étais un poème
Ecrit par un enfant,
Je creuserai des trous dans les mémoires fortes
Pour regarder à l’intérieur,
Pour en connaître la couleur.

Puis je caresserais
Les pattes des matous,
Le bec des hirondelles,
Le poli des cailloux,
Le rugueux des moustaches,
Pour voir comment ça fait.

J’écouterais longtemps tout ce qui fait du bruit,
Le froissement des feuilles,
La craie sur le tableau,
Le cliquetis des clés
Qui ouvrent les mystères,
Les pas sur les pavés.

Je fourrerais mon nez partout où ça sent drôle,
Partout où ça sent bon,
Et même où ça ne sent
Ni l’oeillet ni la rose.

Il me faudrait tout ça pour qu’un enfant m’écrive
Et me nomme poème.
Des bouquets d’émotions,
Des tas de sensations,
Véritables,
Vécues.

Après, il chercherait des mots pour vous le dire.

O Farfalhar das Folhas no Outono
(Sergey Zhiboedov: artista russo)

Lição de poesia

Se eu fosse um poema
Escrito por uma criança,
Escavaria fendas em memórias indeléveis
Para perscrutar o interior,
E lá encontrar a cor.

Depois acariciaria
As patas dos gatos,
O bico das andorinhas,
O brunido dos seixos,
O áspero dos bigodes,
Para sentir o efeito que provocam.

Escutaria por muito tempo tudo o que faz ruído,
O farfalhar das folhas,
O giz sobre a lousa,
O estrépito das teclas
Que desatam os mistérios,
Os passos sobre os calçamentos.

Meteria meu nariz onde houvesse um cheiro esquisito,
Em toda parte com odor agradável,
E mesmo onde não houvesse perfume
Nem de cravo nem de rosa.

E levaria tudo isso para que uma criança me redija
E me nomeie poema.
Buquês de emoções,
Lotes de sensações,
Verdadeiras,
Vivenciadas.

Depois, ela procuraria por palavras para lhe contar.

Referência:

POSLANIEC, Christian. Leçon de poésie. In: DUREL, Florent et al. Petite anthologie poétique. Strasbourg, FR: Collège François Truffaut, 2011. p. 10. Disponível neste endereço.

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