Em uma das aleias dos jardins de Kensington, nos arredores de Londres,
Pound forja um confronto entre a anêmica aristocracia britânica e a cada
mais expandida massa de oprimidos: da primeira é a bem-vestida senhora a que o poeta se
reporta – representante de uma estirpe em extinção –, e da segunda são os
pirralhos à sua volta.
Sofre a senhora de “anemia emocional”, assolada que se encontra por um
tédio requintado e excessivo, sem ter com quem conversar: se, tal como o poeta
comenta, ela receia que ele lhe dirija a palavra, decerto a classe social
do poeta não está à sua altura (rs)...
J.A.R. – H.C.
Ezra Pound
(1885-1972)
The Garden
En robe de
parade. Samain
Like a skein of loose silk blown against a wall
She walks by the railing of a path in Kensington
Gardens,
And she is dying piece-meal
of a sort of emotional anemia.
And round about there is a rabble
Of the filthy, sturdy, unkillable infants of the
very poor.
They shall inherit the earth.
In her is the end of breeding.
Her boredom is exquisite and excessive.
She would like some one to speak to her,
And is almost afraid that I
will commit that indiscretion.
Mulher Passeando no Jardim
(Claude Monet: pintor
francês)
O Jardim
Em traje de desfile. Samain (*)
Como um novelo de
seda solta soprado contra um muro
Ela caminha pela
balaustrada de uma rota de acesso
aos Jardins de
Kensington,
E está morrendo aos
bocados
de um tipo de anemia
emocional.
Ao redor há uma turma
de sujos, robustos,
inextinguíveis infantes dos muitos pobres.
Eles herdarão a
terra.
Ela é o fim de uma
estirpe.
Seu tédio é
requintado e excessivo.
Ela gostaria de
alguém para conversar,
E está algo receosa
de que eu
venha a cometer tal
indiscrição.
Nota:
(*) Trata-se de Albert Samain
(1858-1900), poeta e escritor francês da escola simbolista.
Referência:
POUND, Ezra. The garden. In: MAGALHÃES JÚNIOR, Eduardo. Tickling the muses: anthology of american
poetry. Maceió, AL: Edufal - Editora da Universidade Federal de Alagoas, 1989. p.
30.
❁
Erros de atribuição:
ResponderExcluirEsta nossa versão ao português do poema de Pound foi atribuída indevidamente, nos blogs abaixo indicados, ambos da mesma autora – Maria José Speglich –, ao poeta e grande tradutor Augusto de Campos, que sabe-se lá se a aprovaria (rs)!
http://zezeresilente.blogspot.com.br/2014/12/ode-anacreontica-vi.html
http://speglich.blogspot.com.br/2016/06/o-jardim.html
J. A. Rodrigues