Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Emily Dickinson - Porque não tinha tempo para a Morte

Como muitos outros, este poema de Dickinson tem a morte por tema: no caso, um espírito rememora tudo o que se passou até o momento presente, desde o instante em que baixou à sepultura.

Séculos transcorreram e ele ainda se lembra vividamente das ocorrências ao longo desse trânsito, em especial a sensação de que foi acometido quando vislumbrou as cabeças dos cavalos que levavam adiante a carruagem mortuária, rumo ao campo santo.

J.A.R. – H.C.

Emily Dickinson
(1830-1886)

Because I could not stop for Death

Because I could not stop for Death –
He kindly stopped for me –
The Carriage held but just Ourselves –
And Immortality.

We slowly drove − He knew no haste
And I had put away
My labor and my leisure too,
For His Civility.

We passed the School, where Children strove
At Recess − in the Ring −
We passed the Fields of Gazing Grain −
We passed the Setting Sun −

Or rather − He passed Us −
The Dews drew quivering and chill −
For only Gossamer, my Gown −
My Tippet − only Tulle −

We paused before a House that seemed
A Swelling of the Ground −
The Roof was scarcely visible −
The Cornice − in the Ground −

Since then − ’tis Centuries − and yet
Feels shorter than the Day
I first surmised the Horses’ Heads
Were toward Eternity –

Portões do Cemitério
(Marc Chagall: pintor russo-francês)

Porque não tinha tempo para a Morte

Porque não tinha tempo para a Morte
Ela gentil veio buscar-me –
A Carruagem só levou nós Duas –
E a imortalidade.

Fomos sem pressa – a Morte não tem pressa
E por dever da Cortesia
Eu tinha posto o meu Lazer de lado
E o Afã do dia-a-dia.

Passamos pela Escola onde as Crianças
Brincavam no Recreio –
Pelos Campos de Grãos que nos olhavam –
Pelo Sol a esconder-se –

Ou talvez era o Sol que nos passava –
De frio já tremia o Orvalho –
Era uma renda fina meu Vestido –
Tule – meu Agasalho –

Paramos junto de uma Casa que era
Como um monturo ali no solo –
O Telhado já quase não se via –
A Cornija – no Solo –

Desde então – já faz séculos – e eu acho
Mais longo o Dia – na verdade –
Que as Caras dos Cavalos nos guiavam
Para a Eternidade –

Referências:

Em Inglês

DICKINSON, Emily. Because I could not stop for death. In: __________. The complete poems of Emily Dickinson. Edited by Thomas H. Johnson. Boston, MA: Little, Brown and Company, 1960. p. 350.

Em Português

DICKINSON, Emily. Porque não tinha tempo para a morte. In: __________. Alguns poemas. Tradução de José Lira. São Paulo, SP: Iluminuras, 2008. p. 207.

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