Como muitos outros, este poema de Dickinson tem a morte por tema: no
caso, um espírito rememora tudo o que se passou até o momento presente, desde o
instante em que baixou à sepultura.
Séculos transcorreram e ele ainda se lembra vividamente das ocorrências ao
longo desse trânsito, em especial a sensação de que foi acometido quando vislumbrou
as cabeças dos cavalos que levavam adiante a carruagem mortuária, rumo ao campo
santo.
J.A.R. – H.C.
Emily Dickinson
(1830-1886)
Because I could
not stop for Death
Because I could not stop for Death –
He kindly stopped for me –
The Carriage held but just Ourselves –
And Immortality.
We slowly drove − He knew no haste
And I had put away
My labor and my leisure too,
For His Civility.
We passed the School, where Children strove
At Recess − in the Ring −
We passed the Fields of Gazing Grain −
We passed the Setting Sun −
Or rather − He passed Us −
The Dews drew quivering and chill −
For only Gossamer, my Gown −
My Tippet − only Tulle −
We paused before a House that seemed
A Swelling of the Ground −
The Roof was scarcely visible −
The Cornice − in the Ground −
Since then − ’tis Centuries − and yet
Feels shorter than the Day
I first surmised the Horses’ Heads
Were toward Eternity
–
Portões do Cemitério
(Marc Chagall: pintor
russo-francês)
Porque não tinha tempo para a Morte
Porque não tinha
tempo para a Morte
Ela gentil veio
buscar-me –
A Carruagem só levou
nós Duas –
E a imortalidade.
Fomos sem pressa – a Morte
não tem pressa
E por dever da
Cortesia
Eu tinha posto o meu
Lazer de lado
E o Afã do dia-a-dia.
Passamos pela Escola
onde as Crianças
Brincavam no Recreio
–
Pelos Campos de Grãos
que nos olhavam –
Pelo Sol a
esconder-se –
Ou talvez era o Sol que
nos passava –
De frio já tremia o
Orvalho –
Era uma renda fina
meu Vestido –
Tule – meu Agasalho –
Paramos junto de uma
Casa que era
Como um monturo ali
no solo –
O Telhado já quase
não se via –
A Cornija – no Solo –
Desde então – já faz
séculos – e eu acho
Mais longo o Dia – na
verdade –
Que as Caras dos
Cavalos nos guiavam
Para a Eternidade –
Referências:
Em Inglês
DICKINSON, Emily. Because I could not stop for death. In: __________. The complete poems of Emily Dickinson.
Edited by Thomas H. Johnson. Boston, MA: Little, Brown and Company,
1960. p. 350.
Em Português
DICKINSON, Emily. Porque não tinha
tempo para a morte. In: __________. Alguns
poemas. Tradução de José Lira. São Paulo, SP: Iluminuras, 2008. p. 207.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário