Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Paul Claudel - Versos do Exílio

Claudel, diplomata que atuou em nome do governo de seu país, dele tão distante quanto os EUA ou a China, compôs estes versos no exílio, saudoso de sua terra natal, com a idade de apenas 27 anos.

Apesar de tão jovem, o espírito que perpassa o poema pressagia momentos pouco venturosos na vida do poeta: distante de um arbítrio concentrado, amparado na vontade, o que se vê, se não estiver enganado, é um ânimo entregue ao determinismo providencial.

J.A.R. – H.C.

Paul Claudel
(1868-1955)

Vers d’Exile

L’ombre m’atteint, mon jour terrestre diminue.
Le passé est passé et l’avenir n’est plus.
Adieu, enfant! Adieu, jeune homme que je fus!
La main pauvre est sur moi et voici l’heure nue!

J’ai vécu. Le bruit des hommes m’est étranger.
Tout est fini; je suis tout seul; j’attends, je veille.
Je n’ai plus avec moi que ta lueur vermeille,
Lampe! Je suis assis comme un homme jugé.

Longs furent mon ennui et ma sollicitude!
Long l’exil! Longue fut la route jusqu’ici.
Le terme est mien, je vois cela que j’ai choisi,
Ferme dans ma faiblesse et dans ma lassitude.

Maintenant j’ai fini de parler; seul, captif,
Comme un troupeau vendu aux mains de qui l’emmène,
J’écoute seulement, j’attends, tout prêt, que vienne
L’heure dernière avec l’instant définitif.

(1895)

Dante no Exílio
(Frederick Leighton: artista inglês)

Versos do Exílio

Alcançou-me a sombra; vão-se os meus dias terrenos,
O passado é passado e já não há mais futuro.
Adeus, criança! Adeus, jovem homem que fui!
Toca-me a mão infausta nesta hora nua!

Subsisti! O ruído dos homens me é estranho.
O fim acercou-me; estou muito só; eu espero, observo.
Nada mais tenho comigo senão o teu brilho escarlate,
Lâmpada! Rendido estou como um homem julgado.

Longos foram meu tédio e minha solicitude!
Longo o exílio! Longo o caminho até aqui!
Meu é o termo, vejo que eu o escolhi,
Resoluto na minha fraqueza e lassidão!

Agora findo está o meu colóquio; sozinho, cativo,
Como um rebanho vendido nas mãos de quem o leva,
Somente escuto, eu espero, prontamente, que venha
A hora derradeira com o seu definitivo instante.

(1895)

Referência:

CLAUDEL, Paul. Vers d’exil. In: ARLAND, Marcel (Choix et commentaires). Anthologie de la poésie française. Nouvelle édition revue et augmentée. Paris (FR): Éditions Stock, 1960. p. 707.

Nenhum comentário:

Postar um comentário