Claudel, diplomata que atuou em nome do governo de seu país, dele tão
distante quanto os EUA ou a China,
compôs estes versos no exílio, saudoso de sua terra natal, com a idade de
apenas 27 anos.
Apesar de tão jovem, o espírito que perpassa o poema pressagia momentos
pouco venturosos na vida do poeta: distante de um arbítrio concentrado, amparado
na vontade, o que se vê, se não estiver enganado, é um ânimo entregue ao
determinismo providencial.
J.A.R. – H.C.
Paul Claudel
(1868-1955)
Vers d’Exile
L’ombre m’atteint, mon jour terrestre diminue.
Le passé est passé et l’avenir n’est plus.
Adieu, enfant! Adieu,
jeune homme que je fus!
La main pauvre est sur moi et voici l’heure nue!
J’ai vécu. Le bruit des hommes m’est étranger.
Tout est fini; je suis tout seul; j’attends, je
veille.
Je n’ai plus avec moi
que ta lueur vermeille,
Lampe! Je suis assis comme un homme jugé.
Longs furent mon ennui et ma sollicitude!
Long l’exil! Longue fut la route jusqu’ici.
Le terme est mien, je
vois cela que j’ai choisi,
Ferme dans ma
faiblesse et dans ma lassitude.
Maintenant j’ai fini
de parler; seul, captif,
Comme un troupeau
vendu aux mains de qui l’emmène,
J’écoute seulement, j’attends, tout prêt, que
vienne
L’heure dernière avec
l’instant définitif.
(1895)
Dante no Exílio
(Frederick Leighton: artista inglês)
Versos do
Exílio
Alcançou-me a sombra;
vão-se os meus dias terrenos,
O passado é passado e
já não há mais futuro.
Adeus, criança!
Adeus, jovem homem que fui!
Toca-me a mão
infausta nesta hora nua!
Subsisti! O ruído dos
homens me é estranho.
O fim acercou-me;
estou muito só; eu espero, observo.
Nada mais tenho
comigo senão o teu brilho escarlate,
Lâmpada! Rendido estou
como um homem julgado.
Longos foram meu
tédio e minha solicitude!
Longo o exílio! Longo
o caminho até aqui!
Meu é o termo, vejo
que eu o escolhi,
Resoluto na minha
fraqueza e lassidão!
Agora findo está o
meu colóquio; sozinho, cativo,
Como um rebanho
vendido nas mãos de quem o leva,
Somente escuto, eu
espero, prontamente, que venha
A hora derradeira com
o seu definitivo instante.
(1895)
Referência:
CLAUDEL, Paul. Vers d’exil. In: ARLAND, Marcel (Choix et commentaires). Anthologie de la poésie française. Nouvelle édition
revue et augmentée. Paris (FR):
Éditions Stock, 1960. p. 707.
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