Gerard Manley Hopkins, padre jesuíta inglês, sintetiza neste poema a
imagem da atividade criadora de Deus, de forma a vincular a tradição secular e
científica às veredas da devoção, do mistério e do divino.
No domínio da natureza podem-se constatar os ciclos de regeneração do
mundo físico, expressão ou sinal, segundo o autor, de que sobre todas as coisas
pairam as asas do santo espírito, provendo-as de ânimo, beleza e movimento.
É como se o primeiro dia da criação, em que Deus criou a luz, se protraísse pela eternidade, fazendo com que, mesmo sob ocasionais penumbras, a humanidade sempre lograsse superá-las, a cada vez que reconhecesse nesse divinal clarão a fonte primeva de sabedoria.
É como se o primeiro dia da criação, em que Deus criou a luz, se protraísse pela eternidade, fazendo com que, mesmo sob ocasionais penumbras, a humanidade sempre lograsse superá-las, a cada vez que reconhecesse nesse divinal clarão a fonte primeva de sabedoria.
J.A.R. – H.C.
Gerard Manley Hopkins
(1844-1889)
God’s Grandeur
The world is charged with the grandeur of God.
It will flame out, like shining from shook foil;
It gathers to a greatness, like the ooze of oil
Crushed. Why do men then now not reck his rod?
Generations have trod, have trod, have trod;
And all is seared with trade; bleared, smeared with
toil;
And wears man’s smudge and shares man’s smell: the
soil
Is bare now, nor can foot feel, being shod.
And for all this, nature is never spent;
There lives the dearest freshness deep down things;
And though the last lights off the black West went
Oh, morning, at the brown brink eastward, springs −
Because the Holy Ghost over the bent
World broods with warm breast and with ah! bright
wings.
Estudo da natureza: rochas e árvores
(Asher Brown Durand:
pintor norte-americano)
A Grandeza de Deus
O mundo está
carregado da grandeza de Deus.
Vai chamejar – chispas em sacudidas folhas de
metal;
Vai expandir-se – óleo que imprensado escorre, tal
e qual,
E alaga. Por que o
homem não teme o açoite dos céus?
Gerações têm
caminhado, quanto elas têm caminhado!
Tudo tem manchas de homem, partilha cheiro de homem,
O solo está desnudo, mas pés calçados não o sentem;
Pelas lides, pelo
tráfego, um mundo sujo e crestado;
E, apesar disso tudo,
a natureza nunca se esgota;
Todas as coisas nela vivem num frescor renovado;
Inda que no turvo
ocaso sumam as últimas luzes,
A manhã, na fímbria castanha do oriente, brota –
Porque o Espírito
Santo, sobre este mundo vergado,
Vigia com peito cálido e oh! luzentes asas.
Referências:
Em Inglês:
HOPKINS, Gerard Manley. God’s grandeur. In: __________. Gerard Manley Hopkins: the major poems.
Edited, with an introduction and notes, by Walford Davies. London, EN: J. M.
Dent & Sons, 1979. p. 64.
Em Português
HOPKINS, Gerard Manley. A grandeza de
Deus. In: __________. Gerard Manley Hopkins: Poemas. Tradução e introdução de Aíla de
Oliveira Gomes. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1989. p. 81.
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