Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Olavo Bilac - Natal

Olavo Bilac, talvez o poeta mais expressivo do período parnasiano de nossa literatura, não é apenas o autor do Hino à Bandeira, senão também o literato de inúmeros outros poemas dedicados à causa cívica e também às crianças.

Dentre os poemas dedicados aos infantes, sobressaem dois que se associam a esta época do ano: “Natal” e “Os Reis Magos”. Escolhemos o primeiro para fazer parte desta postagem, com as suas sete quadras de versos decassílabos e anáforas alusivas àquela “pobre estrebaria”, ao final de estrofes alternadas.

J.A.R. – H.C.

Olavo Bilac
(1865-1918)

Natal

Jesus nasceu! na abóbada infinita
Soam cânticos vivos de alegria;
E toda a vida universal palpita
Dentro daquela pobre estrebaria...

Não houve sedas, nem cetins, nem rendas,
No berço humilde onde nasceu Jesus...
Mas os pobres trouxeram oferendas
Para quem tinha de morrer na cruz.

Sobre a palha risonho, e iluminado
Pelo luar dos olhos de Maria,
Vede o Menino-Deus, que está cercado
Dos animais da pobre estrebaria.

Não nasceu entre pompas reluzentes;
Na humildade e na paz deste lugar,
Assim que abriu os olhos inocentes,
Foi para os pobres seu primeiro olhar.

No entanto, os reis da terra, pecadores,
Seguindo a estrela que ao presepe os guia,
Vêm cobrir de perfumes e de flores
O chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo
Quem ama os fracos, quem perdoa o Mal!

Natal! Natal! Em toda a natureza
Há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve, Deus da Humanidade e da Pobreza,
Nascido numa pobre estrebaria!

Adoração dos Pastores
(Jacopo Bassano: pintor italiano)

Referência:

BILAC, Olavo. Natal. In: A GAIVOTA. São Paulo: Publicação mensal da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ano III, n. 12, dez. 1950. p. 239.

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