Olavo Bilac, talvez o poeta mais expressivo do período parnasiano de
nossa literatura, não é apenas o autor do Hino à Bandeira, senão também o
literato de inúmeros outros poemas dedicados à causa cívica e também às
crianças.
Dentre os poemas dedicados aos infantes, sobressaem dois que se associam
a esta época do ano: “Natal” e “Os Reis Magos”. Escolhemos o primeiro para
fazer parte desta postagem, com as suas sete quadras de versos decassílabos e anáforas
alusivas àquela “pobre estrebaria”, ao final de estrofes alternadas.
J.A.R. – H.C.
Olavo Bilac
(1865-1918)
Natal
Jesus nasceu! na
abóbada infinita
Soam cânticos vivos
de alegria;
E toda a vida
universal palpita
Dentro daquela pobre
estrebaria...
Não houve sedas, nem
cetins, nem rendas,
No berço humilde onde
nasceu Jesus...
Mas os pobres
trouxeram oferendas
Para quem tinha de
morrer na cruz.
Sobre a palha risonho,
e iluminado
Pelo luar dos olhos
de Maria,
Vede o Menino-Deus,
que está cercado
Dos animais da pobre
estrebaria.
Não nasceu entre
pompas reluzentes;
Na humildade e na paz
deste lugar,
Assim que abriu os
olhos inocentes,
Foi para os pobres
seu primeiro olhar.
No entanto, os reis
da terra, pecadores,
Seguindo a estrela
que ao presepe os guia,
Vêm cobrir de perfumes
e de flores
O chão daquela pobre
estrebaria.
Sobem hinos de amor
ao céu profundo;
Homens, Jesus nasceu!
Natal! Natal!
Sobre esta palha está
quem salva o mundo
Quem ama os fracos,
quem perdoa o Mal!
Natal! Natal! Em toda
a natureza
Há sorrisos e cantos,
neste dia...
Salve, Deus da
Humanidade e da Pobreza,
Nascido numa pobre
estrebaria!
Adoração dos Pastores
(Jacopo Bassano:
pintor italiano)
Referência:
BILAC, Olavo. Natal. In: A GAIVOTA. São Paulo: Publicação mensal
da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ano III, n. 12, dez.
1950. p. 239.
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