As memórias dos que já se foram sempre nos assolam à época do Natal, uma
época na qual costumamos fazer uma resenha de tudo o que se passou ao longo do
ano quase findo.
Esse é o tema do poema que ora transcrevemos. Os espelhos são os meios
em que se refletem nossas miradas sobre as paisagens presentes, em especial, a
sala onde, com frequência, realiza-se a ceia natalina.
J.A.R. – H.C.
Afonso Félix de Sousa
(1925-2002)
O Natal e seus Espelhos
Não é propriamente a
noite que me chama.
A música – doce como
a lâmina de meus desejos
cortando o espaço.
Vem do fundo do corredor
escuro ou do infinito.
Sinto que não sou mais
que uma lembrança perdida nem sei onde,
e há imagens de seres
que não morrem nunca
arrastando-me para a
noite.
Oh a memória
procurando a doçura de um lar impossível.
Vaga noção de que
devem existir no mundo
pessoas que a esta
hora em volta de uma mesa
falam no filho
ausente.
Lembrar que as contas
do rosário de minha mãe
estarão neste momento
exato pendendo sobre o meu destino.
O Natal está longe de
mim.
Está escondido entre
as paredes de uma sala antiga
que talvez nem exista
mais.
Sei que vive em mim
um poder de luz
capaz de Iluminar a
áspera noite em que sinto meu espírito.
Neste momento de
paisagens sem sombras
a vida se reduz à
música que vem do infinito.
É tudo claro
– Não estou perdido.
Em: “O Túnel”
Guardando os Brinquedos
(Ernest Rister, de
Nuremberg)
Referência:
FÉLIX DE SOUSA, Afonso. O Natal e seus
espelhos. In: ALVES, Henrique L. (Org.). Poetas
contemporâneos. São Paulo, SP: Roswitha Kempf Editores, 1985. p. 101.
Belíssimo! Dá saudade de Antigos Natais da infância vivida em Mariana. Tenho, aliás, um poema com esse título), além de outro, QUASE POEMA DE NATAL, que está no meu blog. Rodrigues, cheguei ao seu blog, por acaso e vi que estou prestigiado com a publicação, nele, de meu poema NENHUM NATAL.Muito obrigado. Seu blog é demais. Parabéns!
ResponderExcluirPrezado Geraldo: Muito obrigado pelo comentário. A propósito, procurei o seu blog na internet e não o encontrei. Qual seria exatamente o endereço ou como poderia chegar até ele?
ResponderExcluirUm abraço,
João A. Rodrigues
João (com exclamação de encantamento). Ainda estou visitando o seu blog. Achei o máximo a ANTOLOGIA DE NATAL. Chego a imaginá-la em livro, passando de mão em mão. Já pensou nisso?
ResponderExcluirMeu blog é O SER SENSÍVEL.(poetageraldoreis.blogspot.com Ele seria, talvez, um "blog bissexto" (existe isso? Sou agora um seguidor e divulgador de seu blog. Um abraço poético e barroco. Mineiro, pois.
Gentileza sua.
ExcluirAliás, aproveitei e copiei o rol que você intitulou "Poesia Brasileira Imprescindível" e descobri que possuo 18 das 32 obras relacionadas.
Vou ver se, aos poucos, vou adquirindo as outras.
Um abraço,
João. A Rodrigues
Tranquilo, mas não sei dizer agora se expliquei no blog. A relação é incompleta. Há uma centena de livros imprescindíveis, inclusive de poetas mais novos que, confesso, não conheço, uma vez afastado dos "meios", em outras palavras, da mídia. Além disso, quis colocar apenas, veja bem, apenas, livros que tenho e posso, portanto, manusear. É evidente, pois, que a lista é super incompleta e feita sem nenhum critério digamos técnico. Foi uma maneira de dar um recado a quem tenha interesse de mandar para o blog aquele livro de poemas que não tenho na estante...
ResponderExcluirEsperteza? (brincadeira). Talvez. Quero lhe mandar PASTORAL DE MINAS (poemas) e DURANDO ENTRE VINDIMAS (poemas). Como faço isso, se não tenho seu endereço. Se puder mandar por email, use advgeraldoreis@gmail.com Muito grato pela atenção. Renovados abraços poéticos.
Caro Geraldo,
ExcluirSeja como for, uma indicação é uma dádiva a se considerar, pois, de qualquer modo, sempre se encontram coisas muito boas, se você procurá-las com cuidado.
Quanto aos livros que me quer brindar, você se importaria em enviá-los para a minha caixa postal?
O endereço dela é o seguinte:
João A. Rodrigues
Caixa Postal nº 3762
A.C. da Rodoviária do P.P.
CEP 70089970 – Brasília (DF)
Pode ser?! Agradeço-lhe antecipadamente.
João A. Rodrigues