César Vallejo, um dos mais importantes poetas peruanos, abrilhanta este
espaço à véspera do Natal de 2015, num soneto em que menciona, de passagem, o
nascimento do menino Jesus.
Vallejo descreve um clima de festa, sendo que a voz poética, ao fim,
dirige-se à amada, com versos associados a referentes do presépio, haja vista
que se empregam palavras como balar – que denota, no contexto, récita de versos
semelhante a balidos de animais –, bronzes de sinos e o próprio nascimento de
Cristo.
J.A.R. – H.C.
César Vallejo
(1892-1938)
Nochebuena
Al callar la
orquesta, pasean veladas
sombras femeninas
bajo los ramajes,
por cuya hojarasca se
filtran heladas
quimeras de luna,
pálidos celajes.
Hay labios que lloran
arias olvidadas,
grandes lirios fingen
los ebúrneos trajes.
Charlas y sonrisas en
locas bandadas
perfuman de seda los
rudos boscajes.
Espero que ría la luz
de tu vuelta;
y en la epifanía de
tu forma esbelta,
cantará la fiesta en
oro mayor.
Balarán mis versos en
tu predio entonces,
canturreando en todos
sus místicos bronces
que ha nacido el
niño-Jesús de tu amor.
Véspera de Natal
(Trisha Romance:
pintora norte-americana)
Noite de Natal
Ao silenciar a
orquestra, passeiam veladas
sombras femininas sob
as ramagens,
por cuja folharada se
filtram geladas
quimeras de lua,
pálidos matizes.
Há lábios que choram
árias esquecidas,
grandes lírios fingem
os ebúrneos trajes.
Conversas e sorrisos
em loucas hordas
perfumam de seda os agrestes
bosques.
Espero que ria a luz à
tua volta;
e na epifania de tua
forma esbelta,
cantará a festa em
ouro maior.
Balarão meus versos
em teu prédio então,
cantarolando em todos
os seus místicos bronzes
que nasceu o menino-Jesus
de teu amor.
Referência:
VALLEJO, César. Nochebuena. In:
__________. Obra poética completa.
Edición com facsímiles. 1. ed. Lima
(PE): Francisco Moncloa Editores, 1968. p. 59. (Colección Piedra Negra sobre
una Piedra Blanca)
Nenhum comentário:
Postar um comentário