Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Gabriela Mistral - O Estábulo

Naquele mesmo cenário da Natividade – imortalizado pelas figuras acolhidas por Francisco de Assis em seu presépio, ainda na primeira metade do século XIII –, a poetisa chilena Gabriela Mistral imagina outras tantas ações que não entraram para o formal enredo bíblico.

Entre elas, tem-se a recepção honrosa que deram ao Menino muitos animais e aves que por lá pairavam. Afinal, a história real teria transcorrido, como informam os evangelistas, numa estrebaria. E nela, portanto, todos os bichos são bem-vindos. Trata-se, portanto, de uma ficção com aparência de factibilidade...

J.A.R. – H.C.

Gabriela Mistral
(1889-1957)

Romance del Establo de Belén

Al llegar la medianoche
y romper en llanto el Niño,
las cien bestias despertaron
y el establo se hizo vivo...

y se fueron acercando
y alargaron hasta el Niño
sus cien cuellos, anhelantes
como un bosque sacudido.

Bajó un buey su aliento al rostro
y se lo exhaló sin ruido,
y sus ojos fueron tiernos,
como llenos de rocío...

Una oveja lo frotaba
contra su vellón suavísimo,
y las manos le lamían,
en cuclillas, dos cabritos...

Las paredes del establo
se cubrieron sin sentirlo
de faisanes y de ocas
y de gallos y de mirlos.

Los faisanes descendieron
y pasaban sobre el niño
su ancha cola de colores;
y las ocas de anchos picos

arreglábanle las pajas;
y el enjambre de los mirlos
era un vuelo palpitante
sobre del recién nacido...

Y la Virgen entre el bosque
de los cuernos, sin sentido,
agitada iba y venía
sin poder tomar al Niño.

Y José sonriendo iba
acercándose en su auxilio...
¡Y era como un bosque todo
el establo conmovido!

  
O Estábulo

Ao chegar a meia-noite
rompendo em pranto o Menino,
cem animais despertaram
e o estábulo se fez vivo.

Acercaram-se estendendo
para o lado do Menino,
cem pescoços anelantes
como um bosque sacudido.

Um boi exalou-lhe ao rosto
seu bafejo – mas sem ruído.
E tinha olhos ternos
a humildade do rocio.

Uma ovelha o acariciava
contra sua lã suavíssima.
E as mãozinhas lhe lambiam
de cócoras, dois cabritos.

Pelas paredes do estábulo
docemente espaireciam,
bandos de melros e galos,
de faisões e de palmípedes.

Os faisões com reverência
passavam sobre o Menino
a grande cauda de cores;
as aves de largos bicos.

Vinham ajeitar-lhe as palhas;
e dos melros o remoinho
era um palpitante véu
por sobre o recém-nascido.

E a Virgem entre chavelhos
e respiros brancacentos,
ia e vinha tonta, sem
poder tomar o Menino.

E José chegava rindo
para ocultar a mofina.
E era como bosque ao vento
o estábulo comovido.

Referências:

Em Espanhol

MISTRAL, Gabriela. Romance del establo de Belén. In: __________. Gabriela Mistral para niños. Edición preparada por Aurora Díaz Plaja. Ilustraciones de Arantxa Martínez. 1. ed. Madrid, ES: Ediciones de la Torre, 1994. p. 62-63. (Colección Alba y Mayo; Serie Poesía; n. 35)

Em Português

MISTRAL, Gabriela. O Estábulo. In: __________. Poesias escolhidas. Tradução de Henriqueta Lisboa. Rio de Janeiro: Opera Mundi, 1971. p. 93-94.


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