Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

E. E. Cummings - Arvorezinha

Um poeminha singelo de Cummings para o Natal, com toda aquela leveza com que as coisas da época devem ser tratadas: ficamos sabendo de um pinheirinho resgatado ao seu ‘habitat’ natural, para ser apresentado repleto de ornamentos na janela do poeta.

Mas será mesmo que toda a beleza, passível de se arregimentar, pode oferecer contorno a um coração que se vê tristonho por haver sido deslocado do seu ambiente natural? O coração tem razões que talvez nem toda a estética seja capaz de sobrepujar...

J.A.R. – H.C.

E. E. Cummings
(1894-1962)

little tree

little tree
little silent Christmas tree
you are so little
you are more like a flower

who found you in the green forest
and were you very sorry to come away?
see    i will comfort you
because you smell so sweetly

i will kiss your cool bark
and hug you safe and tight
just as your mother would,
only don’t be afraid

look    the spangles
that sleep all the year in a dark box
dreaming of being taken out and allowed to shine,
the balls the chains red and gold the fluffy threads,

put up your little arms
and I’ll give them all to you to hold
every finger shall have its ring
and there won’t be a single place dark or unhappy

then when you’re quite dressed
you’ll stand in the window for everyone to see
and how they’ll stare!
oh but you’ll be very proud

and my little sister and i will take hands
and looking up at our beautiful tree
we'll dance and sing
“Noel Noel”

  
arvorezinha

arvorezinha
silente arvorezinha de Natal
és tão pequena
que mais pareces uma flor

quem te encontrou no verde bosque
e triste ficaste porque dele te levaram?
olha    vou te consolar
porque tens um perfume tão doce

vou beijar tua fresca casca
e te abraçarei bem apertado
tal como tua mãe o faria,
basta que não tenhas medo

atenta    para os ornamentos
que dormem o ano inteiro numa caixa escura
sonhando em sair de lá para poderem brilhar,
as bolas os adereços em dourado e vermelho os filetes macios,

levanta teus bracinhos
que eu te os darei todos para segurar
cada dedo há de ter o seu anel
e não haverá um único local triste ou escuro

então quando estiveres bem vestida
ficarás na janela para que todos possam te ver
e como vão te olhar!
oh mas como estarás orgulhosa

e minha irmãzinha e eu nos daremos as mãos
e olhando a nossa bela árvore
vamos cantar e dançar
“Noel Noel”

Referência:

CUMMINGS, E. E. little tree. In: __________. Complete poems: 1904-1962. Edited by George J. Firmage. New York, NY: Liveright, 1991. p. 29.

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