Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 21 de junho de 2015

José Paulo Paes - O Aluno

Temos aqui mais um poema do crítico, poeta e tradutor José Paulo Paes, extraído do seu livro “O Aluno”, de 1947. Ele se diz aluno de grandes mestres da poesia, como Bandeira, Neruda, Drummond e Rimbaud. Grande companhia!

Trata-se de um soneto-homenagem à própria criação poética, permeado da mais fina emoção no trato com as palavras. Nos mil lados de um só poema – diga-se, nas mil interpretações que o texto poético permite, em virtude de seus atributos conotativos –, o poeta experimenta um sentimento de identificação, vazado nos pilares caleidoscópicos que lhe são trazidos pelo aprendizado do dia a dia.

J.A.R. – H.C.

José Paulo Paes
(1926-1998)

O Aluno

São meus todos os versos já cantados:
A flor, a rua, as músicas da infância,
O líquido momento e os azulados
Horizontes perdidos na distância.

Intacto me revejo nos mil lados
De um só poema. Nas lâminas da estância,
Circulam as memórias e a substância
De palavras, de gestos isolados.

São meus também os líricos sapatos
De Rimbaud, e no fundo dos meus atos.
Canta a doçura triste de Bandeira.

Drummond me empresta sempre o seu bigode.
Com Neruda, meu pobre verso explode
E as borboletas dançam na algibeira.


Referência:

PAES, José Paulo. O aluno. In: __________. Melhores poemas de José Paulo Paes. Seleção de Davi Arrigucci Jr. 3. ed. São Paulo, SP: Global, 2.000. p. 66.

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