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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Gilligan - Lógica dos Homens x Lógica das Mulheres

Carol Giiligan, psicóloga e filósofa feminista norte-americana, é autora do famoso e não menos polêmico “In a Different Voice” (“Em uma voz diferente: Teoria Psicológica e Desenvolvimento da Mulher”), de 1982.

É dela a formulação de que a ética masculina seria tipicamente uma “ética da justiça”, enquanto a feminina seria uma “ética do cuidado”. Para se ter ideia das hipóteses levantadas, extraímos o excerto abaixo da obra em referência de Ken Wilber, o teórico da “Psicologia Integral”, no qual há uma síntese suficientemente eloquente dos argumentos em jogo.

J.A.R. – H.C.

Carol Gilligan
(n. 1936)

(GILLIGAN apud WILBER, 2008, p. 47-48)

A lógica masculina, ou a voz dos homens, tende a se expressar em termos de autonomia, justiça e direitos; enquanto a lógica ou voz das mulheres tende a se expressar em termos de relações, consideração pelos outros e responsabilidade. Os homens tendem para a ação; as mulheres para a comunhão. Os homens seguem as normas; as mulheres as conexões. Os homens olham; as mulheres tocam. Os homens tendem para o individualismo, as mulheres para as relações. A história seguinte é uma das preferidas de Gilligan: Um menininho e uma menininha vão brincar juntos. O menino sugere: “Vamos brincar de pirata!”. E a menina propõe: "Vamos fazer de conta que moramos um ao lado do outro". O menino contesta: "Não, eu quero brincar de pirata!" E a menina conclui: "Tudo bem, então você brinca de pirata que mora na casa ao lado".
Quando pequenos, os meninos não gostam que as meninas fiquem por perto quando jogam beisebol, por exemplo, porque as duas vozes se opõem radicalmente e, muitas vezes, de maneira hilária. Alguns meninos estão jogando beisebol, um deles faz seu terceiro arremesso, erra o alvo e começa a chorar. Os outros meninos ficam imobilizados até ele parar de chorar; afinal, regra é regra e a regra diz: com três lances perdidos, o jogador cai fora. Gilligan observa que, se uma garota estiver por perto, ela provavelmente dirá: “Qual é? Deem a ele uma outra chance!” Ao vê-lo chorando, a garota quer ajudar, fazer contato e consolá-lo. Essa atitude, no entanto, enfurece os garotos, pois esse jogo é para eles uma iniciação ao mundo masculino das regras e da lógica. Segundo Gilligan, os meninos ferem os sentimentos para salvar as regras; enquanto as meninas quebram as regras para salvar os sentimentos.

Referência:

WILBER, Ken. A visão integral: uma introdução à revolucionária abordagem integral da vida, de deus, do universo e de tudo mais. Tradução Carmen Fischer. São Paulo, SP: Cultrix, 2008.

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