Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 27 de junho de 2015

Antônio Brasileiro - Arte Poética

O poeta baiano Antônio Brasileiro nos apresenta mais um poema-conceito sobre a arte poética. Seus versos, diz-nos, nascem com a prodigalidade de um mundo – como articularíamos? – sem teleologias, de um modo natural, alheio a quaisquer valorações humanas.

São oito dísticos graciosamente redigidos, a veicularem a ideia de que a poesia não tem propósitos ou programas – distintamente de outras abordagens mais engajadas –, valendo então por si própria, independentemente dos predicados que se lhe atribuam.

J.A.R. – H.C.

Antônio Brasileiro
(n. 1944)

Arte Poética

Meus versos são da pura essência
dos poemas inessenciais.

Nada dizem de verídico
não querem nada explicar.

Não narram o clamor dos peitos
não encaram a dor do mundo.

Se por vezes falam alto
é por puro gozo, júbilo.

humor que brota de dentro
como se movem os astros.

Eles, meus versos, são pura
floração de irresponsáveis

flores nascidas nos mangues,
por nascer – mas multicores,

lindas, não importa que os homens
as conheçam ou não conheçam.

(De: “A Pura Mentira”, 1982)

Figura Feminina
(Vicente Romero Redondo: pintor espanhol)

Referência:

BRASILEIRO, Antônio. Arte poética. In: GARCÍA, Xosé Lois. Antologia da poesia brasileira / Antología de la poesía brasileña. Edición bilingüe. Santiago de Compostela, Galiza, U.E.: Laiovento, 2001. p. 332.

Nenhum comentário:

Postar um comentário