O poeta gaúcho Rossyr Berny se vê quase como uma personalidade heteronímica
à Fernando Pessoa (rs), pois sendo um se expressa por meio de muitos homens.
Brincadeira, Berny não chega a tanto: seu poema busca manifestar as
múltiplas possibilidades do pensar e do agir humano, com intertextos e
referências bíblicas voltadas à ideia de comunhão e de igualdade, ainda que
projetadas no futuro.
No presente, vivencia a potencialidade de transformação de estados menos
benignos ou prósperos, para outros de maior ventura.
J.A.R. – H.C.
Rossyr Berny
(n. 1952)
de los hombres que soy
I
de los hombres que
soy
el menos humano
lame las heridas del
nino pobre
para que adormezca
de los hombres que
soy
el más pacífico
hace huelga de hambre
por libertad
(vendado en el médio
del tráfico intenso)
de los hombres que
soy
el más oscuro
incendia el planeta
con todas las luces
que los injustos
apagaron hasta aquí
de los hombres que
soy
el más precário
es operário de dieciocho
horas diárias
(pero el dueño de las
llaves de la justicia final)
de los hombres que
soy
el menos amoroso
es todo tan tuyo
que será hasta cuando
ni yo, mas sea mio
II
de los hombres que
aún seré
el menos justo ya
arquitecta
infalible
la multiplicacion y
división de los panes y de los peces
para que la mayor
victoria
sea siempre la
igualdad
entre los hombres de
buena voluntad
Um Jovem à sua Janela
(Gustave Caillebotte: pintor francês)
dos Homens que Sou
I
dos homens que sou
o menos humano
lambe as feridas da
criança pobre
para que adormeça
dos homens que sou
o mais pacífico
faz greve de fome por
liberdade
(vendado no meio do
trânsito intenso)
dos homens que sou
o mais escuro
incendeia o planeta
com as luzes todas
que os injustos
apagaram até aqui
dos homens que sou
o mais precário
é operário de dezoito
horas diárias
(mas dono das chaves
da justiça final)
dos homens que sou
o menos amoroso
é todo tão teu
que será até depois de
nem eu mais ser meu
II
dos homens que ainda
serei
o menos justo já
arquiteta
infalível
a multiplicação e
divisão dos pães e dos peixes
para que a maior
vitória
seja sempre a
igualdade
entre os homens de
boa vontade
Referências:
Em espanhol:
BERNY, Rossyr. De los hombres que soy. In: BACCA, Ademir Antonio (Org.). Poesía de Brasil. v. 2. Traducción al
español de Gabriel Solis. Bento Gonçalves (RS): Proyecto Cultural Sur/Brasil,
2000. p. 169-170.
Em português:
BERNY, Rossyr. Dos homens que sou. In:
CAMARGO, Dilan (Org.). Antologia do sul:
poetas contemporâneos do Rio Grande do Sul. 2. ed. Porto Alegre, RS: Assembleia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul / Metrópole Indústria Gráfica, 2001. p. 206-207.
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