Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 30 de maio de 2015

Erjk Undegren - Mãe Cósmica

Elaborado no verão de 1946, para inclusão em livro que, de fato, foi publicado em 1947, com reproduções de telas de artistas surrealistas do “Grupo de Halmstad”, o poema “Mãe Cósmica”, acompanha reprodução homônima de autoria do pintor sueco Waldemar Lorentzon (1899-1984), de 1935.

Erjk (ou Erik), também sueco, autoidentifica-se com certa dimensão filosófica unificadora do universo, tudo em um, apesar de toda a diversidade que possa se manifestar perante os falíveis olhos humanos.

Suas palavras acompanham o sentido da pintura de Lorentzon – como se pode verificar na imagem reproduzida a seguir –, a conceber a Terra, v.g., como um organismo vivo, Gaia, elemento primordial e latente de um magnífico potencial gerador.

J.A.R. – H.C.

Erik Lindegren
(1910-1968)


var i mig dina vintergators andning
var i mig den du redan är och alltid har varit
en dröm bortom drömmens berg och bortom hemligheten
något verkligare än verkligheten
något som jag varken kan glömma eller minnas
något som mörka skepp som vandrar upp mot fyren
något som moln som ljusa klippor och klippor som mörka moln
något som förvandlar ofattbar köld till ofattbar värme
något som var i mig och förvandlade mig
o förvandla mig
gör mig till en hamn för min oros skepp
vänta mig under jorden
sök mig i min urna
o förvandla mig och var i mig
så som jag omärkligt vilar i dig
i medvetslös dröm om dina ögons stjärnbild

“Kosmisk Moder” (“Sviter” - 1947)

Mãe Cósmica
(Waldemar Lorentzon: pintor sueco)

Mãe Cósmica

sê em mim a respiração das tuas vias lácteas
sê em mim a que já és e sempre tens sido
um sonho do outro lado da montanha dos sonhos e para além do                                                                   mistério
algo mais real que a própria realidade
algo que nem esquecer nem recordar posso
algo como soturnas naves vagueando para a luz do farol
algo como nuvens tais luminosas rochas e rochas quais nuvens                                                                       sombrias
algo que torna o frio inconcebível inconcebível calor
algo que esteve em mim e me transfigurou
ó transfigura-me
converte-me em porto para o navio da minha inquietude
espera por mim no seio da terra
procura-me na minha urna
ó transfigura-me e sê em mim
tal como insensível em ti repouso
no sonho da inconsciência e na constelação de teus olhos

“Mãe Cósmica” (“Suítes” - 1947)

Referência:

UNDEGREN, Erjk. Mãe cósmica. In: DUARTE, Silva (Seleção e tradução). Cinco poetas suecos. Lisboa, PT: Casa Portuguesa, 1966. p. 79.

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