Aqui está mais um poema lúdico da norte-americana Emily Dickinson, no
qual prepondera a ideia de reclusão e de privacidade. Diz-nos ela que, uma vez
que a alma escolha companheiro(a)s de caminhada, outro(a)s, alternativamente, serão
objeto de seu alheamento, ainda que, metaforicamente, se ajoelhem para súplicas
e apelos.
Há um certo matiz romântico no poema, inoculado com algum determinismo.
Não saberíamos precisar, mas as palavras de Emily tendem a ratificar a máxima
de que, mesmo que se venha a possuir muito(a)s amantes e companheiro(a)s, apenas
um(a) dele(a)s tem acesso ao mais recôndito aposento da alma.
J.A.R. – H.C.
Emily Dickinson
(1830-1886)
The Soul
selects her own Society
The Soul selects her own Society −
Then − shuts the Door −
To her divine Majority −
Present no more −
Unmoved − she notes the Chariots − pausing −
At her low Gate −
Unmoved − an Emperor be kneeling
Upon her Mat −
I’ve known her − from an ample nation −
Choose One −
Then − close the Valves of her attention −
Like Stone –
Divas
(Duncan Chrystal:
pintor
canadense de origem
escocesa)
A alma escolhe sua própria sociedade
A alma escolhe sua
própria sociedade
E
a porta fecha, então;
Na sua divinal
maioridade,
Não
interfiras, não.
Ei-la, impassível, se
a carruagem para
Ao
pé da escadaria...
Impassível – e um rei
se ajoelhara
Sobre
a tapeçaria...
De alguém sei eu, que
em toda uma nação
Um
único escolheu,
E após, marmórea, as
valvas da atenção
Para
sempre desceu...
Referência:
DICKINSON, Emily. The soul selects her own society / A alma escolhe sua própria sociedade.
In: __________. Tradução, seleção, apresentação e nota de Olívia Krähenbühl.
Ilustrações de Darcy Penteado. São Paulo, SP: Saraiva, 1956. Em inglês: p. 144
e 146; Em português: p. 145 e 147.
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