Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 16 de maio de 2015

Rabindranath Tagore - Despedir-se em Silêncio

Temos aqui um pensamento sobre a despedida da vida, pelo poeta bengali Rabindranath Tagore, que vislumbra a possibilidade de vir a usufruir, na travessia para o além, todas aquelas coisas a que atribuiu menor importância durante a sua existência. 

A vida espiritual é o que desponta das palavras de Tagore, em detrimento da experiência material, tangível, concreta que vivenciamos no dia a dia. Assim como afirma o Eclesiastes (3, 2): “Há tempo de nascer e tempo de morrer”. Ou ainda (7, 8): “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas”. Nesse contexto, é possível que Tagore esteja à procura do melhor! 

J.A.R. – H.C.


Rabindranath Tagore
(1861-1941)

92. Despedir-se em Silêncio

Sei que um dia há de vir em que perderei de vista esta terra, e a vida há de despedir-se em silêncio, correndo sobre os meus olhos a derradeira cortina.
No entanto, as estrelas hão de vigiar de noite, e a manhã há de erguer-se como antes, e as horas hão de engrossar como ondas do mar carregando prazeres e mágoas.
Quando penso nesse fim dos meus instantes, rompe-se o dique dos instantes e vejo, à luz da morte, o teu mundo com os seus descuidosos tesouros. Aí, o mais humilde pouso é precioso, e é preciosa a mais obscura das vidas.
Coisas por que em vão suspirei e coisas que alcancei – passem todas! Possa eu possuir de fato apenas as coisas que sempre rejeitei e desdenhei.

Morte e Vida
(Gustav Klimt: pintor austríaco)

Referência:

TAGORE, Rabindranath. Despedir-se em silêncio. In: __________. Gitanjali: texto integral. Tradução de Guilherme de Almeida. São Paulo: Martin Claret, 2006. p. 82. (Coleção ‘A Obra-Prima de Cada Autor’, n. 207)

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