Temos aqui mais um poema que busca projetar
luzes sobre o que seja a figura do poeta: Serafín Quiteño, vate salvadorenho, lança
mão de múltiplas funções da linguagem para falar daquele que, levado pelas
emoções originárias de “obscuros mananciais”, alça aos céus do Parnaso as suas “infantis”
catedrais.
O poema foi extraído da série “Sonetos
de la palabra” (“Sonetos da palavra”), incorporada à obra “Corasón con S”, de
1941, por meio da qual o poeta “sustenta que a linguagem humana não deve
agasalhar as ideias do homem, mas há de servir para desnudá-las” (CULTURA,
1969, p. 14).
J.A.R. – H.C.
Serafín Quiteño
(1906-1987)
Poeta
iOh! tú, el abandonado
entre puñales,
entre densos
fantasmas, en perdidos
mares de sombra,
selvas de gemidos
y ausentes
golondrinas y rosales.
iOh! tú, el ciego, el
confiado entre fanales
hoscos de noche y
muertos sumergidos...
Confiado entre
lebreles contenidos
y solo ante los
dioses inmortales.
Con todo, sosegado en
la agonia,
fuerte en el llanto,
casto en la alegria
resurrecta de oscuros
manantiales.
Ahi un rodar de
lagrimas te guia
y una palabra pura
frente al dia
alza sus infantiles
catedrales.
Retrato do Poeta Peter Hille
(Franz Heinrich Lovis Corinth: 1858-1925)
Poeta
Oh! tu, o abandonado
entre punhais,
entre densos
fantasmas, em perdidos
mares de sombra,
selvas de gemidos
e ausentes andorinhas
e roseirais.
Oh! tu, o cego, o crédulo
entre fanais
toscos da noite e
mortos submersos...
Crédulo entre lebréus
comedidos
e sozinho ante os
deuses imortais.
Contudo, sossegado na
agonia,
forte no pranto,
casto na alegria
ressurreta de
obscuros mananciais.
Aí um rolar de
lágrimas te guia
e uma palavra pura
frente ao dia
alça suas infantis
catedrais.
Referência:
CULTURA. San Salvador (SV), Revista del
Ministerio de Educación, n. 54, oct.-dic. 1969.
QUITEÑO, Serafín. Poeta. Cultura. San Salvador (SV), Revista del
Ministerio de Educación, n. 54, p. 80, oct.-dic. 1969.
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