Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Vinícius Meyer - Os Reis Magos

Em meio à fantasia infantil sobre a marcha dos Reis Magos em direção ao recém-nascido menino, o poeta mineiro retrata a sua particular afeição pelo Rei Baltasar, mais humilde e a caminhar sobre os próprios pés, levando-o a aproximar-se, mais rapidamente que Gaspar e Melchior, da cena perenizada nos modernos presépios.

J.A.R. – H.C.
The Nativity
Greg Olsen: artista norte-americano


Os Reis Magos

No caminho de areia do Presépio,
– cada qual mais bonito ao meu olhar! –
lá estavam os três Reis Magos deslumbrantes:
Melchior, no seu cavalo,
e Baltasar a pé.

De manhãzinha, ainda antes do café,
eu os ia ajudar a subir o caminho
até ao berço de palha do Menino
que entre um boi e um burrinho nos sorria.

Ajudava um pouquinho ao Rei Gaspar,
um pouquinho mais ao Rei Melchior,
mas ajudava muito a Baltasar
porque era preto, corno os pretos velhos
que me contavam histórias de encantar,
porque era humilde, corno os pretos bons
que, mesmo quando são reis, só andam a pé.

O certo é que no Dia de Reis,
troando deviam estar no alto do caminho,
quem chegava primeiro ao berço do Menino,
com seu presente humilde em sua mão,
era o rei preto que viera a pé.

E eu sorria contente, e parecia
aos meus olhos atentos de menino,
que o Menino Deus, que nos sorria
entre um boi e um burrinho no Presépio,
se esquecia, também, dos dois reis poderosos,
do Rei Gaspar no seu camelo alto,
do Rei Melchior no seu cavalo ágil,
e era todo sorrisos, era todo doçura
para o pobre Baltasar que eu ajudara,
para o rei preto que chegara a pé.

Three Kings
(Richard Hook: artista inglês)

Referência:

MEYER, Vinícius. Os reis magos. In: CARVALHO, Edgar de (Org.). As mais belas poesias de Natal. Rio de Janeiro: Vecchi, 1957. p. 60-61.

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