Em meio à fantasia infantil sobre a marcha dos Reis Magos em direção ao
recém-nascido menino, o poeta mineiro retrata a sua particular afeição pelo Rei
Baltasar, mais humilde e a caminhar sobre os próprios pés, levando-o a
aproximar-se, mais rapidamente que Gaspar e Melchior, da cena perenizada nos
modernos presépios.
J.A.R. – H.C.
The Nativity
Greg Olsen: artista
norte-americano
Os Reis Magos
No caminho de areia
do Presépio,
– cada qual mais
bonito ao meu olhar! –
lá estavam os três
Reis Magos deslumbrantes:
Melchior, no seu
cavalo,
e Baltasar a pé.
De manhãzinha, ainda
antes do café,
eu os ia ajudar a
subir o caminho
até ao berço de palha
do Menino
que entre um boi e um
burrinho nos sorria.
Ajudava um pouquinho
ao Rei Gaspar,
um pouquinho mais ao
Rei Melchior,
mas ajudava muito a
Baltasar
porque era preto,
corno os pretos velhos
que me contavam
histórias de encantar,
porque era humilde,
corno os pretos bons
que, mesmo quando são
reis, só andam a pé.
O certo é que no Dia
de Reis,
troando deviam estar
no alto do caminho,
quem chegava primeiro
ao berço do Menino,
com seu presente
humilde em sua mão,
era o rei preto que
viera a pé.
E eu sorria contente,
e parecia
aos meus olhos
atentos de menino,
que o Menino Deus,
que nos sorria
entre um boi e um
burrinho no Presépio,
se esquecia, também,
dos dois reis poderosos,
do Rei Gaspar no seu
camelo alto,
do Rei Melchior no
seu cavalo ágil,
e era todo sorrisos,
era todo doçura
para o pobre Baltasar
que eu ajudara,
para o rei preto que
chegara a pé.
Three Kings
(Richard Hook:
artista inglês)
Referência:
MEYER, Vinícius. Os reis magos. In:
CARVALHO, Edgar de (Org.). As mais belas
poesias de Natal. Rio de Janeiro: Vecchi, 1957. p. 60-61.
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