Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

August von Platen - Tristão

Parte de um drama que o autor romântico alemão August von Platen-Hallermünde jamais logrou concluir, com fulcro na lenda de Tristão e Isolda, o poema “Tristão”, abaixo transcrito, datado de 1825, faz junção de dois temas que bem estão incorporados ao mito de Narciso: Beleza x Morte.

 

Trata-se de um poema para ser cantado (‘lied’, em alemão), no qual, segundo alguns críticos, estariam plasmadas paixões que delimitariam a identidade confessadamente homossexual do poeta. Sinceramente, somente uma leitura mais aprofundada, além dos contornos do meramente literário, para se alcançar tais conclusões. Talvez pela via do destrinchamento das lendas e mitos envolvidos, quem sabe?!

 

J.A.R. – H.C.

 

August von Platen

(1796-1835)

Pintura de Moritz Rugendas

 

Nota: o pintor Johann Moritz Rugendas (1802-1858), de quem reproduzimos acima o seu retrato de Platen, é exatamente o mesmo que esteve no Brasil, durante o período do primeiro império, a pintar paisagens, cenas de costumes e o quotidiano do país.

 

Tristan

 

Wer die Schönheit angeschaut mit Augen,

Ist dem Tode schon anheimgegeben,

Wird für keinen Dienst auf Erden taugen,

Und doch wird er vor dem Tode beben,

Wer die Schönheit angeschaut mit Augen!

 

Ewig währt für ihn der Schmerz der Liebe,

Denn ein Tor nur kann auf Erden hoffen,

Zu genügen einem solchen Triebe:

Wen der Pfeil des Schönen je getroffen,

Ewig währt für ihn der Schmerz der Liebe!

 

Ach, er möchte wie ein Quell versiegen,

Jedem Hauch der Luft ein Gift entsaugen,

Und den Tod aus jeder Blume riechen:

Wer die Schönheit angeschaut mit Augen,

Ach, er möchte wie ein Quell versiechen!

 

O tempo ordena à velhice que destrua a beleza

(Pompeo Batoni: 1708-1787)

 

Tristão

 

Aquele que haja contemplado a Beleza com os olhos,

Sob os cuidados da Morte já se encontra,

Deixará de estar apto para qualquer serviço na terra,

E ainda assim, vai tremer frente à Morte,

Aquele que haja contemplado a Beleza com os olhos!

 

Eterna será para ele a dor do amor,

Pois somente um insensato sobre a terra,

Pode esperar satisfazer tal desejo:

Ao que a flecha da Beleza haja alcançado,

Eterna será para ele a dor do amor!

 

Ah, quisera ele secar como uma fonte,

Sorver veneno em cada sopro de ar,

E colher o olor da Morte em cada flor:

Aquele que haja contemplado a Beleza com os olhos,

Ah, quisera ele secar como uma fonte!

 

Referência:

 

PLATEN, August von. Lieder und Romanzen: Tristan. In: __________. Gesammelte Werke. Stuttgart und Tübingen (DE): J.G. Cotta’scher Verlag, 1839. p. 29.

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário