Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 4 de janeiro de 2015

Hjalmar Gullberg: A Santa Noite – IV. Os Reis Magos

Na poesia de um dos mais renomados poetas suecos, Hjalmar Gullberg, sobressaem as temáticas do amor, da espiritualidade, da liberdade e do desencanto com a vida. Mais para o final de sua existência, elementos metafísicos e religiosos somaram-se a esse amplo, mas uniforme, espectro temático.

“Den Heliga Natten” (“A Santa Noite”), de 1936, inscreve-se entre os poemas com nítido teor religioso, estando organizado em seis seções, das quais apenas a IV, referente aos Reis Magos, ora transcrevemos.

J.A.R. – H.C.

Hjalmar Gullberg (Nascido em 1890). Um dos maiores poetas da Suécia. Membro da Academia Suíça onde sucedeu a Selma Lagerlof. Tradutor do grego moderno (Sikelianos), do espanhol (Gabriela Mistral) e do francês (Perrault). Entre os seus livros: Numa cidade estrangeira (1927), Sonata (1929), Exercícios Espirituais (1932), Celibatário em todos os sentidos (1935), Paraíso Celeste (1952) etc. (HADDAD, 1960, p. 183).

Hjalmar Gullberg
(1898-1961)


IV. Konungarna

Tre herdar över folken
i fjärran Österland,
vi hotades med dolken
av bergens röverband.
Karavanerna blev glesa;
vår färd, så farofull,
var ingen sällskapsresa
för bara nöjes skull.

Historien skall förtälja,
hur vi drog ut pompöst.
Vi hade ej at välja,
vi lydde motståndslöst.
Vi red från tron och maka
med rökelse och guld.
Kommer vi ej tilbaka,
är stjärnan därtil skuld.

Vårt ödes slutkapitel
är kanske Betlehem.
Mantel och kungatitel,
må andra bära dem,
kullstörta eller styrka
rike och dynasti!
Vi reste för att dyrka
den som var mer än vi.

Adoração dos Magos
(Bernardo Cavallino: 1616-1656)

A Santa Noite

IV. Os Reis Magos

Nós três, monarcas poderosos
Do mais profundo do Oriente,
Arriscamo-nos a morrer
sob os punhais tão afiados
de muito valente bandido.
Nossa viagem na verdade
cercou-se de mil aventuras
e não foi mais, eu vos garanto,
que uma viagem de distração.

Trono e rainha nós deixamos
e após partimos carregados
de incenso, de ouro e de safira.
Mas não havia o que escolher:
Nós simplesmente obedecíamos
a este mistério intraduzível
que para aqui nos convocava,
a estrela é a única culpada
e nós não podemos voltar.

A rota de nosso destino
teve seu desfecho em Belém;
que outros demandem amanhã
com coroas e diademas,
pois nossos reinos finalmente
vão desmoronando de um golpe!
Fizemos esta grande viagem
para enfim adorar um mago
muito mais mago do que nós.

Referência:

GULLBERG, Hjalmar. A santa noite: (iv) os reis magos. In: HADDAD, Jamil Almansur (seleção, tradução e notas). Noite santa: antologia de poemas de Natal. São Paulo: Autores Reunidos, 1960. p. 187.

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