Na poesia de um dos mais renomados poetas suecos, Hjalmar Gullberg,
sobressaem as temáticas do amor, da espiritualidade, da liberdade e do
desencanto com a vida. Mais para o final de sua existência, elementos
metafísicos e religiosos somaram-se a esse amplo, mas uniforme, espectro
temático.
“Den Heliga Natten” (“A Santa Noite”), de 1936, inscreve-se entre os
poemas com nítido teor religioso, estando organizado em seis seções, das quais
apenas a IV, referente aos Reis Magos, ora transcrevemos.
J.A.R. – H.C.
Hjalmar Gullberg (Nascido em 1890). Um
dos maiores poetas da Suécia. Membro da Academia Suíça onde sucedeu a Selma
Lagerlof. Tradutor do grego moderno (Sikelianos), do espanhol (Gabriela Mistral)
e do francês (Perrault). Entre os seus livros: Numa cidade estrangeira (1927), Sonata
(1929), Exercícios Espirituais (1932), Celibatário em todos os sentidos (1935),
Paraíso Celeste (1952) etc. (HADDAD, 1960, p. 183).
Hjalmar
Gullberg
(1898-1961)
IV. Konungarna
Tre herdar över
folken
i fjärran Österland,
vi hotades med dolken
av bergens röverband.
Karavanerna blev glesa;
vår färd, så farofull,
var ingen
sällskapsresa
för bara nöjes skull.
Historien skall förtälja,
hur vi drog ut pompöst.
Vi hade ej at välja,
vi lydde motståndslöst.
Vi red från tron och maka
med rökelse och guld.
Kommer vi ej tilbaka,
är stjärnan därtil skuld.
Vårt ödes slutkapitel
är kanske Betlehem.
Mantel och kungatitel,
må andra bära dem,
kullstörta eller
styrka
rike och dynasti!
Vi reste för att dyrka
den som var mer än vi.
Adoração dos Magos
(Bernardo Cavallino: 1616-1656)
A Santa Noite
IV. Os Reis Magos
Nós três, monarcas
poderosos
Do mais profundo do
Oriente,
Arriscamo-nos a
morrer
sob os punhais tão
afiados
de muito valente
bandido.
Nossa viagem na
verdade
cercou-se de mil
aventuras
e não foi mais, eu
vos garanto,
que uma viagem de
distração.
Trono e rainha nós
deixamos
e após partimos
carregados
de incenso, de ouro e
de safira.
Mas não havia o que
escolher:
Nós simplesmente
obedecíamos
a este mistério
intraduzível
que para aqui nos
convocava,
a estrela é a única
culpada
e nós não podemos
voltar.
A rota de nosso
destino
teve seu desfecho em
Belém;
que outros demandem
amanhã
com coroas e
diademas,
pois nossos reinos
finalmente
vão desmoronando de
um golpe!
Fizemos esta grande
viagem
para enfim adorar um
mago
muito mais mago do
que nós.
Referência:
GULLBERG, Hjalmar. A santa noite: (iv)
os reis magos. In: HADDAD,
Jamil Almansur (seleção, tradução e notas). Noite santa: antologia de poemas de Natal. São Paulo: Autores
Reunidos, 1960. p. 187.
Nenhum comentário:
Postar um comentário