Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Nelo Risi – Tautologia

Muitos e muitos anos atrás, um mestre de origem nipônica, de cujas aulas participávamos na pós-graduação, exigia, a cada início de suas preleções, que todos entoássemos a máxima “Kaizen”, advinda de um programa de melhoria implementado lá nas terras do sol nascente, logo depois da 2GM, para alavancar os negócios e a produtividade das empresas japonesas: “Hoje melhor do que ontem; amanhã melhor do que hoje”.

Mas sempre existem aqueles que preferem pertencer ao time “do contra”, e ficavam lá no fundo da sala a subverter a frase: “Hoje pior do que ontem; amanhã pior do que hoje”. Resultado: mais alguns minutos de “catequização” por parte do mestre, para colocar aqueles “filhos” desguiados no “bom caminho”! (rs).

Contudo, caro internauta, há formas distintas de ver a coisa: é o que desvenda o poeta italiano Nelo Risi, no poema em epígrafe. Diz ele que, se a piora quotidiana é irreversível, devemos piorar da melhor forma possível. Não se pode negar que é uma maneira singular de resguardar os juízos, a contemporizar as duas posições prévias, a do mestre e a de seus discípulos. Ora, ora...

J.A.R. – H.C.

Nelo Risi
(n. 1920)

Tautologia

Su
e giú
sull’altalena
a ripagarci d’ogni pena
ogni sera ci auguriamo
un mattino migliore.
Ma i nostri sforzi sono frivoli
ma non si può che
peggiorare in meglio.

Velho Sábio
(Andrew Judd: artista canadense)

Tautologia

Acima
  e abaixo
sobre o balanço
para compensar todo o sofrimento
a cada noite esperamos
por uma manhã melhor.
Mas nossos esforços são inúteis
e nada se pode fazer
senão piorar melhor.

Referência:

RISI, Nelo. Tautologia. In: SMITH, Lawrence R. The new italian poetry: 1945 to the present. A Bilingual Anthology. Berkeley and Los Angeles, Califórnia: University of Califórnia Press, 1981. p. 242.

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