Para os que buscam afinar o seu tino no que diz respeito à interpretação
de textos literários – neste caso específico, uma poesia –, oferecemos a
preleção do filósofo e crítico literário britânico Terry Eagleton, em seu opúsculo
“How
to read a poem” (“Como ler um poema”).
Terry Eagleton é um daqueles casos de intelectuais capazes de açambarcar
um amplo leque de assuntos caros à academia. Autor de muitas obras, como a já
referencial “Teoria da Literatura”, alinha-se ele à tradição da crítica
cultural, da qual fazem parte, v.g., o também britânico Perry Anderson e o
norte-americano Fredric Jameson.
O estudo de caso que se oferece recai sobre o poema “Musée des Beaux
Arts” (“Museu de Belas Artes”), do poeta anglo-americano W. H. Auden, com
tradução para o português pelo crítico e também poeta brasileiro José Paulo
Paes.
A rigor, a maior parte dos comentários de Eagleton relaciona-se à
primeira estrofe do poema, ainda que, ao seu final, ele teça considerações
sobre o arremate que Auden oferece no curso de sua segunda estrofe.
Boa leitura!
J.A.R. – H.C.
Wystan Hugh Auden
(1907-1973)
Musée des Beaux Arts
About suffering they were never wrong,
The Old Masters: how well, they understood
Its human position; how it takes place
While someone else is eating or opening a window or just walking dully along;
How, when the aged are reverently, passionately waiting
For the miraculous birth, there always must be
Children who did not specially want it to happen, skating
On a pond at the edge of the wood:
They never forgot
That even the dreadful martyrdom must run its course
Anyhow in a corner, some untidy spot
Where the dogs go on with their doggy life and the torturer’s horse
Scratches its innocent behind on a tree.
In Brueghel’s Icarus, for
instance: how everything turns away
Quite leisurely from the disaster; the ploughman may
Have heard the splash, the forsaken cry,
But for him it was not an important failure; the sun shone
As it had to on the white legs disappearing into the green
Water; and the expensive delicate ship that must have seen
Something amazing, a boy falling out of the sky,
had somewhere to get to and sailed calmly on.
(December 1938)
Paisagem com a Queda de Ícaro
(Provável cópia do
original de Brueghel,
pintado em meados de
1560)
Museu de Belas
Artes
No que respeita ao
sofrimento, nunca se enganavam
Os velhos Mestres:
quão bem lhe compreendiam
A humana posição; de
que maneira ocorre
Enquanto alguém está
comendo ou abrindo uma janela ou somente
andando ao léu;
Como, quando os de
idade aguardam reverente, apaixonadamente
O milagroso
nascimento, deve sempre haver
Crianças que não
desejam particularmente que aconteça, patinando
Num lago junto à
beira da floresta:
Eles jamais esquecem
Que mesmo o pavoroso
martírio deve prosseguir seu curso
De qualquer modo num
canto, nalgum lugar desasseado
Onde os cães levam
sua vida canina e o cavalo do algoz
Raspa o traseiro
inocente de encontro a uma árvore.
No Ícaro de Brueghel, por exemplo: como
tudo volta as costas
Pachorrentamente ao
desastre; o arador bem pode ter ouvido
A pancada n’água, o
grito interrompido,
Mas para ele não era
importante o malogro; o sol brilhava
Como cumpria sobre as
alvas pernas a sumir-se nas águas
Esverdeadas; e o
delicado barco de luxo que devia ter visto
Algo surpreendente,
um rapaz despencando do céu,
Precisava ir a alguma
parte e continuou calmamente a velejar.
(Tradução de José Paulo Paes)
Terry Eagleton
(n. 1943)
Interpretação do Poema por Terry Eagleton
Os mestres antigos ou
grandes pintores, afirma o poema, compreenderam a natureza incongruente do
sofrimento humano, o contraste entre a sua pura intensidade, que parece apontar
para um significado momentâneo, e o modo como os fatos quotidianos que o
rodeiam se lhe descortinam tão despreocupadamente indiferentes. Tudo isso,
podemos suspeitar, é uma alegoria da natureza contingente da existência
moderna. As coisas já não formam um padrão que convirja para o herói ou o
mártir em seu centro, mas se mostram a colidir bastante aleatoriamente, dispondo
de maneira fortuita, lado a lado, o trivial e o momentâneo, os culpados e os
inocentes.
O importante, entretanto,
é como tudo isso se molda verbalmente. O poema começa com um estilo informal,
como se inesperadamente participássemos de uma conversa de sobremesa alheia;
porém, há do mesmo modo, um certo drama atenuado nesse começo. Aproxima-se
obliquamente de seu tema, em vez de começar com uma fanfarra: o primeiro verso
e meio invertem o substantivo, o verbo e o predicado, de forma que “os mestres
antigos nunca se equivocavam sobre o sofrimento”, que seria uma proposição
excessivamente direta, passa a ser a oblíqua e mais sintaticamente complexa
“About suffering they were never wrong / The Old Masters” [“Sobre o sofrimento
eles nunca se equivocavam, / Os Mestres Antigos”].
Pode se encontrar uma
versão mais elaborada dessa sintaxe oblíqua, na qual a ordem habitual da
gramática se inverte, na oração inicial, altivamente despreocupada, do romance
de E. M. Forster “A Passage to India” (“Passagem para a Índia”): “Com exceção
das cavernas de Marabar – e estas se encontravam a vinte milhas de distância –
a cidade de Chandrapore não apresentava nada de extraordinário”. Essas palavras
são, na realidade, uma pérola de ironia, já que as cavernas resultarão ser de
importância capital para a ação. O romance se inicia como o que parece ser uma
paródia de um guia de viagem bastante pretensioso. Um tênue ar de languidez
patrícia envolve toda a oração, tão requintadamente equilibrada.
O poema de Auden não
é em absoluto esmerado nem presunçoso, porém possui certo ar de refinamento
sofisticado. Os versos iniciais criam uma vaga expectativa dramática, já que há
de se realizar um salto de verso para averiguar quem são exatamente os que
nunca se equivocam sobre o sofrimento. “Os Mestres Antigos” estão em justaposição
com “eles”, o que proporciona aos versos o sabor de uma relaxada conversa, como
em uma oração que dissesse “São muito barulhentos, esses trens de mercadorias”.
O mesmo estilo coloquial faz-se patente um pouco mais tarde em palavras como doggy [vida canina] e behind [traseiro], embora esse tipo de
discurso diga respeito bem mais ao atrevimento do cavaleiro do que à
vulgaridade do plebeu.
Uma palavra de certo
peso, suffering [sofrimento], ressoa
no começo, em vez de se pospô-la ao final da oração, como o sentido parece
ditar. O tom do poema é cortês, mas não insensível. É educado, não afetado nem
sobrecarregado, como se parecem algumas das poesias tardias de Auden. Dreadful [atroz] é um adjetivo típico da
classe alta inglesa, como em “Darling, he was perfectly dreadful!” [Querida,
foi completamente atroz!], porém não o sentimos aqui como uma afetação, se bem
que, tampouco, resulta ser uma descrição eficaz de um martírio. O poema irradia
uma autoridade que parece surgir da experiência vital, a qual estamos, por
conseguinte, inclinados a escutar. Se o poeta pode vislumbrar o quão bem os mestres
antigos compreenderam a verdade da aflição humana, então ele certamente deve
estar em condições de igualdade com eles, pelo menos a esse respeito. O poema
parece defender uma ideia muito inglesa do sentido comum e da normalidade; no
entanto, implicitamente também pergunta como certas situações extremas podem
encaixar nesse marco de referência familiar. Deve-se questionar tal normalidade
por ser demasiado limitada, ou faz parte da natureza das coisas que o ordinário
e o exótico se achem lado a lado, sem nenhuma especial relação entre eles?
A estrofe vai,
literalmente, desde a agonia humana até o traseiro de um cavalo, e portanto
implica um certo anticlímax (“bathos”).
Baixamos um tom ou dois ao ir do solene “How, when the aged are reverently,
passionately waiting / For the miraculous birth” [“Como, quando os de idade
aguardam reverente, apaixonadamente / O milagroso nascimento”], ao intencional
tom desluzido de (“there always must be / Children who did not specially want
it to happen” [“deve sempre haver / Crianças que não desejam particularmente
que aconteça”], um verso que contém demasiadas palavras de diferentes formas e
tamanhos para fluir com naturalidade. A sintaxe conspira em apoio desse efeito
deflacionário: a vírgula que vem depois de “How” [“Como”] mantém a oração em
suspenso, concedendo-nos depois um momento edificante (“quando os de idade
aguardam reverente, apaixonadamente...”) para fazer-nos cair prosaicamente de
novo.
Apesar disso,
inclusive aqui a estrofe mantém a cortesia: “did not specially want it to happen”
[“não desejam particularmente que aconteça”] pode significar exatamente o que
diz; as crianças não se opõem ao nascimento, tampouco se mostram entusiasmadas
ante a sua possibilidade. Mas poderia também ser um modo educado de dizer que pouco
se lhes importa o nascimento religioso, do mesmo modo como “nem um pouco
aborrecido” é um eufemismo de “incrivelmente aborrecido”. O poema preserva as
suas boas maneiras por meio da obliquidade verbal. Não obstante, não fica claro
como o poema se move desde a ideia do sofrimento à dos anciãos que esperam
reverencialmente o milagroso nascimento. De que modo exatamente a esperança
reverencial é um motivo de sofrimento? Por que o suspense se mostra doloroso?
Ou o sofrimento em questão é o próprio nascimento?
Um dos problemas que
o poema enfrenta é o de como ser adequadamente irônico sobre o sofrimento sem ser
cínico sobre o assunto. Há de se trilhar pela tênue linha que divide uma
sabedoria suavemente irônica e soar apenas um estado de muito enfado. Necessita-se
desmitificar a dor humana, mas sem dar a impressão de depreciá-la. Assim, o tom
– afetado, porém não insensível ou desdenhoso – deve ser manejado com cuidado. Tal
não é o tipo de voz de cujo detentor se espere que creia em nascimentos
milagrosos, incorra em reverência exagerada ou se ofereça ele mesmo ao
martírio. Ele é demasiado laico, demasiado cheio de bom senso para tanto, e
também demasiado cético dos grandes propósitos. Deseja eliminar do sofrimento a
linguagem grandiloquente por meio de seu descentramento, insistindo no marginal
e no contingente, formas em que, modo geral, se manifesta. Contudo, não deixa
de existir certa humanidade na voz do falante, a sugerir uma compaixão não
expressada abertamente.
Portanto, a estrofe
mostra desencanto, porém não desqualifica. É como se o poema quisesse honrar o
tormento humano por meio de um tratamento friamente realista com ele, em vez de
subscrever algum mito sentimental para que esse tormento logre arrastar o mundo
inteiro a um dramático impasse. Pode ser que seja isso o que sinta o sofredor, porém
o realismo obstinado do poema recusa identificar-se com a inimaginável angústia
do outro. (Em outro poema de Auden, a tratar de soldados feridos, indaga-se: ‘For
who when healthy can become a foot?’ [“Quem estando sadio pode converter-se num
pé?”], sem dúvida com a intenção de dizer que os sadios são aqueles capazes de assumir
seus corpos como presumidos). Quando se trata do sofrimento, nem a perspectiva
de quem sofre nem a de quem observa são totalmente confiáveis. O maior respeito
que podemos mostrar aos afligidos, Auden parece sugerir, é que reconheçamos o abismo
intransponível que existe entre a sua angústia e nossa normalidade. Há o que se
poderia denominar uma ruptura epistemológica absoluta entre enfermidade e saúde.
Como muitas obras literárias dos anos trinta, “Musée des Beaux Arts” prefere
resultar insensível a sentimental. Seu anti-heroísmo é também uma postura típica
dos anos trinta. Porém essa tenacidade de espírito, levada ao extremo, pode ser
uma forma matreira do mesmo sentimentalismo que rejeita.
Há outro bocado de
suspense dramático na frase “Its human position” (“A humana posição”), cujo
significado não fica realmente claro, até que ultrapassemos o ponto e vírgula e
o descubramos. Nós então avançamos para uma espécie bastante arrastada,
dispersa de verso – “While someone else is eating or opening a window or just
walking dully along” [“Enquanto alguém está comendo ou abrindo uma janela ou
somente andando ao léu”] – que com sua investida de frases unidas sem elegância
parece seguir seu passo sem mais nem porquê. “Where the dogs go on with their doggy life and the torturer’s horse…” [“Onde os cães levam
sua vida canina e o cavalo do algoz...”] é outro verso balbuciante e
superpovoado, no qual o seu descuido evoca a desordem da própria experiência
humana. As crianças, os cães e os cavalos seguem com suas criancices, suas
cachorradas, suas cavalices em meio à catástrofe e ao martírio, e assim, a voz
poética dá a entender, é como são as coisas. Elas não poderiam ser mais
diferentes do que cães a se comportar como crianças. A existência humana está
sujeita inevitavelmente à ironia, do mesmo modo como o insignificante e o
terrível aparecem unidos como unha e carne. O que uma coisa parece ser a partir
de seu exterior é algo distinto em seu interior, e o que pode ser fundamental
para você pode ser periférico para mim. A ironia não é aqui meramente um tom,
mas um choque de perspectivas. Dá a impressão de ter-se incorporado ao mundo, ao
invés de parecer simplesmente uma atitude em relação a este. E isso aumenta a
sensação de inevitabilidade. A alguém resultaria tão difícil mudar tal condição
como acordar amanhã com um membro extra.
Poderíamos, todavia, pedir
licença para questionar esse ponto de vista. Pode muito bem ser verdade para
alguns tipos de sofrimento, mas não estaria o poeta generalizando
suspeitosamente suas afirmações? Essa é, realmente, a “humana posição”, pura e simples?
Na segunda estrofe do poema, Auden implicitamente compara uma indiferença ao
desastre humano com o brilho do sol, como se o primeiro fosse tão natural
quanto o segundo. Há que se ter em conta que o poema foi publicado em 1940, num
tempo em que a Europa havia experimentado a Guerra Civil Espanhola (na qual
Auden participou brevemente) e estava agora concentrada numa guerra global
contra o fascismo. Esse tipo de sofrimento era sempre, com toda a segurança, um
assunto privado e vergonhoso. Ao contrário, poderia ser uma experiência
coletiva. Se a morte e o pesar expunham a distância irredutível entre as
pessoas, isso também eram realidades que poderiam ser compartilhadas
publicamente. A catástrofe e a vida ordinária se uniram nos bombardeios das
cidades britânicas. O sofrimento não era algo a que a gente se dedicasse em
privado, como a um hobby; havia até
certo ponto uma linguagem comum entre o que sofria e o que observava, entre o
soldado e o civil.
Portanto, o
brilhantismo técnico do poema e seu tom de experiência do mundo pode mover-nos
a aceitar de boa vontade uma proposição bastante controversa: que uma coisa é a
vida privada e outra é a esfera pública. O sofrimento é um fato privado, que
nenhuma linguagem pública pode ser suficiente para acercá-lo. Por trás do poema
espreita a ideia de que cada um de nós é o possuidor privado de nossa própria
experiência, apartada para sempre das sensações dos demais. A filosofia moderna
tem vertido muita tinta para mostrar a falácia desse ponto de vista, em
aparência, tão lógico; e não há razão alguma para que a crítica não possa
recorrer a tais argumentos. Não estamos obrigados a aceitar as convicções de um
poeta com os olhos fechados.
Se este é um poema
“moderno”, o é em parte por sua desconfiança frente às grandes narrativas. O
sofrimento não pertence a um plano geral, ainda que sua intensidade nos faça
suspeitar o contrário. É arbitrário e contingente, e é esse contraste entre seu
status objetivo e sua crueldade subjetiva
o que resulta tão chocante. O próprio poema, por contraste, está primorosamente
concebido, mas de um modo que nos faz sentir que não está. O tom conversacional
oculta a sua sutil técnica. Pode-se lê-lo, por exemplo, sem dar-se conta de que
rima. O esquema de rimas, todavia, é bastante irregular, um pouco como o ritmo,
constituindo uma das razões pelas quais nos passa inadvertido. Ele tão apenas
fornece o esqueleto da forma na qual o poeta pode afixar seus pensamentos, em
aparência, a fluir livremente. As rimas são discretas e diplomáticas ao ponto
da semi-invisibilidade; e, em parte, o que as torna tão discretas é o encadeamento
constante, tal que o fluxo do pensamento sobrepõe-se ao final dos versos.
O mesmo se pode dizer
da sintaxe. Essa primeira estrofe é, na realidade, uma oração prolongada
soberbamente, cheia de proposições subordinadas e complexas construções
gramaticais, mas que quase não nos damos conta quando a lemos. (Auden é meio
ardiloso aqui, pois há muitas vírgulas e ponto e vírgulas que poderiam
equivaler a pontos finais). O poema está muito bem construído, porém tão
sub-repticiamente que suscita a impressão de espontaneidade coloquial. É
artisticamente inartístico. E esse sentido de poder escutar uma voz equilibrada
que, de forma conversacional, vai desfiando suas reflexões sobre a vida, de certo
modo, confirma-nos o ceticismo com respeito aos grandes propósitos. O
anti-heroísmo que o poema advoga encontra seu eco na mesurada antirretórica de
seu estilo.
Auden escreveu um
poema no mesmo ano do de “Musée des Beaux Arts”, intitulado “In Memory of W. B.
Yeats” (“Em memória de W. B. Yeats”), cuja primeira estrofe resulta iluminadora
com respeito ao poema anterior:
He disappeared in the dead of winter:
The brooks were frozen, the airports almost deserted,
And snow disfigured the public statues;
The mercury sank in the mouth of the dying day.
What instruments we have agree
The day of his death was a dark cold day.
[Ele desapareceu em
pleno inverno:
Os riachos estavam
congelados, os aeroportos quase vazios,
E a neve desfigurava
as estátuas públicas;
O mercúrio desceu na
boca do dia que morria.
Os instrumentos com
que contamos assentem
que o dia de sua
morte foi um dia triste e frio.]
Em vez de casualmente
distanciar-se ante o infortúnio da morte de Yeats, o mundo parece concentrar-se
em tal aflição, aflição que se mostra notória e gravemente irônica. É como se o
poeta fingisse cortesmente que os riachos tenham-se congelado, as estátuas
estejam desfiguradas e os aeroportos quase vazios por causa da morte do companheiro poeta, ainda que se saiba à
perfeição que o nexo entre o sofrimento e o que o rodeia seja tão arbitrário
aqui como em “Musée des Beaux Arts”. Encontramos no caso em apreço um tipo de
licença poética: invoca-se ironicamente a chamada falácia patética – a crença
de que a Natureza compartilha nossos estados de ânimo e sentimentos – como um
recurso de engenho solene. Com extremo cuidado, a estrofe não afirma que o dia
fosse triste devido à morte de Yeats; simplesmente nos permite inferir essa
possibilidade. A estrofe seguinte do poema debilita essa aparente solidariedade
entre a humanidade e o mundo: “Far from his illness / The wolves ran on through
the evergreen forest (...).” [“Distantes de sua enfermidade / Os lobos seguiam
correndo pelos bosques perenes (...).”] A realidade é aquilo que nos dá as
costas, em oposição à nossa infantil exigência de que o mundo nos sirva como
espelho.
Referências:
AUDEN, Wystan Hugh. Musée des beaux
arts. In: __________. Poemas.
Seleção de João Moura Jr. Tradução e Introdução de José Paulo Paes e João Moura
Jr. 1ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. p. 70-71.
EAGLETON, Terry. How to read a
poem. Oxford (UK): Blackwell Publishing, 2007. p. 3-8. Disponível neste endereço.
EAGLETON, Terry. Cómo leer un poema. Traducción al español por Mario Jurado. Madrid
(ES): Akal, 2010. p. 11-16.
Obrigado pela postagem. Seu blog é incrível.
ResponderExcluirPrezado Marco,
ResponderExcluirEu é que tenho a agradecer pelo elogio. Valeu!
Um abraço,
J. A. Rodrigues
Muito bom.
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