Umberto Saba, poeta italiano de origem judaica, associa a forma de “morrer
por amor” de uma moça, com a que, pelo momento, sua gatinha está a sofrer. Uma
afeição que as torna “loucas”, levando-as a saracotear por todos os lados em
busca do “pretendente” (rs).
Sem dúvidas, o poema de algum modo faz-nos lembrar do aclamado soneto “Mulher
e Gata”, do francês Paul Verlaine, por estarem ambas, a figura feminina e a felina, suficientemente amalgamadas,
seja pelo relacionamento de propriedade que de fato existe entre elas, seja pela incontroversa metáfora
que as associa.
J.A.R. – H.C.
Umberto Saba
(1883-1957)
La Gatta
La tua gattina è
diventata magra.
Altro male non è il suo che d’amore:
male che alle tue cure la consacra.
Non provi un’accorata tenerezza?
Non la senti vibrare come un cuore
sotto alla tua
carezza?
Ai miei occhi è
perfetta
come te questa tua
selvaggia gatta,
ma come te ragazza
e innamorata, che
sempre cercavi,
che senza pace qua e
là t’aggiravi,
che tutti dicevano:
“È pazza”.
È come te ragazza.
Girl with Cat
Gwen John (1876-1936)
A Gata
A tua gatinha tornou-se
magra.
Outro mal não é senão
o de amor:
mal que a teus
cuidados a consagra.
Não experimentas uma
atribulada ternura?
Não a sentes vibrar
como um coração
sob as tuas carícias?
Aos meus olhos é
perfeita
como tu, esta tua
selvagem gata,
mas como tu, garota
e namorada, que
sempre buscavas,
que sem paz aqui e
ali te movias,
a ponto de todos dizerem:
“É louca”.
É como tu, garota.
Referência:
SABA, Umberto. La gatta. In: Punto
per Punto. Per: sguardi e critiche trimestrale di cultura. Padova (IT), n. 20,
ottobre 2013, p. 7. Disponível neste endereço. Acesso em: 20
maio 2014.
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