Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 7 de junho de 2014

Umberto Saba – A Gata

Umberto Saba, poeta italiano de origem judaica, associa a forma de “morrer por amor” de uma moça, com a que, pelo momento, sua gatinha está a sofrer. Uma afeição que as torna “loucas”, levando-as a saracotear por todos os lados em busca do “pretendente” (rs).

Sem dúvidas, o poema de algum modo faz-nos lembrar do aclamado soneto “Mulher e Gata”, do francês Paul Verlaine, por estarem ambas, a figura feminina e a felina, suficientemente amalgamadas, seja pelo relacionamento de propriedade que de fato existe entre elas, seja pela incontroversa metáfora que as associa.

J.A.R. – H.C. 
Umberto Saba
(1883-1957)

La Gatta

La tua gattina è diventata magra.
Altro male non è il suo che d’amore:
male che alle tue cure la consacra.

Non provi un’accorata tenerezza?
Non la senti vibrare come un cuore
sotto alla tua carezza?
Ai miei occhi è perfetta
come te questa tua selvaggia gatta,
ma come te ragazza
e innamorata, che sempre cercavi,
che senza pace qua e là t’aggiravi,
che tutti dicevano: “È pazza”.

È come te ragazza.

Girl with Cat
Gwen John (1876-1936)

A Gata

A tua gatinha tornou-se magra.
Outro mal não é senão o de amor:
mal que a teus cuidados a consagra.

Não experimentas uma atribulada ternura?
Não a sentes vibrar como um coração
sob as tuas carícias?
Aos meus olhos é perfeita
como tu, esta tua selvagem gata,
mas como tu, garota
e namorada, que sempre buscavas,
que sem paz aqui e ali te movias,
a ponto de todos dizerem: “É louca”.

É como tu, garota.

Referência:

SABA, Umberto. La gatta. In: Punto per Punto. Per: sguardi e critiche trimestrale di cultura. Padova (IT), n. 20, ottobre 2013, p. 7. Disponível neste endereço. Acesso em: 20 maio 2014.
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