Encontrei, a compor uma antologia de poemas recentes considerados já
clássicos, o soneto que transcrevo a seguir em seu original, com subsequente
versão própria em português. Garanto que procurei saber mais sobre o seu autor,
Tim DeMay, com o emprego da internet. Mas não estou seguro de que se trata
daquele cujo nome mais aparece nas pesquisas do Google: um professor assistente
na Universidade de Maryland (EUA).
Em todo caso, não deixo de expressar a minha surpresa pelo tema inusitado
do soneto: fez-me lembrar das aulas de Física no segundo grau, no
pré-vestibular e na universidade, com aqueles exercícios maravilhosos dos
livros do engenheiro Tore Nils Olof Folmer-Johnson – e suas soluções a empregar
vetores em abundância –; dos tomos da série “Fundamentos da Física”, de
Ramalho, Ivan, Nicolau e Toledo; assim como de outras obras que ainda hoje
estão no mercado, como as de Halliday & Resnick, Tipler etc.
Outra coletânea fantástica era a que exibia exercícios propostos, com
suas respostas, elaborada pelos físicos Rozenberg e Gevertz, a açambarcar todos
os ramos da Física. Idem, a série de Testes Orientados de Física (TOF).
Bons tempos: ficava enlevado com algumas resoluções. Claro está, bem
mais com o próprio cálculo envolvido nas teorias do que com os fenômenos naturais
que os modelos procuravam representar, os quais me pareciam de certo modo
prosaicos.
Basta de passadismo por ora. Arrematando: perceba o leitor como o vate
norte-americano retrata bem alguns arquétipos topológicos da Física, numa
mixagem poética de hipóteses e conceitos entre os mais difundidos ao grande
público.
J.A.R. – H.C.
Sonnet nº 6
(Tim DeMay)
“So esoteric!” cried the dismayed child,
A student learning physics formulas.
The teacher turned with chalk in hand and smiled,
“I know you know who Albert Einstein was,
And Schrödinger, and vectors, force and mass,
But look again and give its grace a chance.
See standards, absolutes since eons past,
See stars and planets caught in cosmic dance,
And space is not a stage but moving cloth,
A fabric warped and twisted, stretched and spry,
Each warp concordant with known physics laws,
Each twist a wonder to the learned eye”.
The student left the class with flooded mind,
Stark beauty shown when once he stumbled blind.
Soneto nº 6
(Tim DeMay)
“Tão esotérico!”
exclamou o desalentado petiz,
Um estudante em
contato com as fórmulas da Física.
O professor voltou-se
com o giz na mão e sorriu,
“Percebo que você
conhece quem foram Einstein
E Schrödinger, assim
os vetores, a força e a massa,
Mas veja novamente e
se dê a graça de uma chance.
Note os padrões,
absolutos desde éons transatos,
Veja estrelas e planetas
flagrados na dança cósmica,
E o espaço não como
paragem, mas urdidura dinâmica,
Um construto túrbido
e distorcido, retesado e ágil,
Cada trama de acordo
com leis físicas conhecidas,
Cada distorção um
portento para olhos versados”.
O estudante deixou a
classe com a mente farta,
A impassível beleza se mostrara à sua visão turbada.
Referência:
DeMAY, Tim. Sonnet nº 6. In: McALISTER,
Neil Harding (ed.). New classic poems: contemporary verse that rhymes. Illustrated by
Jonathan Day. Ontario, CA: Published by Neil Harding McAlister, 2005. p. 23.
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