Graham R. Tomson – O Gato Negro

Da obra “Concerning Cats”, da poetisa britânica Rosamund Marriott Watson, extraímos o soneto abaixo, com referências diretas ao passado egípcio – esfinge, Rá, Ramsés –, exatamente lá, onde os gatos eram amados e venerados como animais sagrados.

Rosamund, que escrevia sob o pseudônimo Graham R. Tomson, ressalta em seu poema, um belo hino à “esfinge negra”, a natureza manhosa e inescrutável dos bichanos, além de sua companhia serena – sem ser “pegajosa” como a do cão.

J.A.R. – H.C. 

 Graham R. Tomson

(1860-1911)

  

To my Cat (Le Chat Noir)

Half loving-kindliness, and half disdain,

Thou comest to my call serenely suave,

With humming speech and gracious gesture grave,

In salutation courtly and urbane:

Yet must I humble me thy grace to gain –

For wiles may win thee, but no arts enslave,

And nowhere gladly thou abidest, save

Where naught disturbs the concord of thy reign.

Sphinx of my quiet hearth! Who deignst to dwell.

Friend of my toil, companion of mine ease,

Thine is the lore of Ra and Rameses;

That men forget dost thou remember well,

Beholden still in blinking reveries,

With sombre sea-green gaze inscrutable. 

Ao meu Gato (O Gato Negro)

Num misto de desdém e amorosa polidez,

Ao meu apelo tu atendes, brando e suave,

Com ciciante miado e gesto grácil mas grave,

Em pose de saudação civilizada e cortês:

Para obter tua graça, mostrar-me-ei recatado –

Por ardis cais vencido, mas sem burla asfixiante,

E em nenhures te sujeitas de bom grado, tirante

Onde nada perturba a placidez do teu reinado.

Esfinge do meu dócil peito! O seu primo residente.

Amigo de labuta, meu parceiro de gaudério,

De Rá e de Ramsés procede o teu mistério;

O que os homens olvidam evocas habilmente,

Ainda que enredado em devaneios sandeus,

Com o sombrio e esquivo verde-mar dos olhos teus.

Referência:

TOMSON, Graham R. To my cat: le chat noir. In: __________ (sel.). Concerning cats: a book of poems by many authors. London: T. Fisher Unwin, 1892. p. 76-77.

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