Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 15 de junho de 2014

Susan Sontag – Nova Iorque

Nova Iorque – EUA

Do ensaio referenciado mais abaixo, extraímos o seguinte excerto, de autoria da ensaísta norte-americana Susan Sontag, no qual ela sumaria um ponto de vista singular sobre a obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, com mesclas de conceitos sobre o que sejam a modernidade, o provincianismo e a própria literatura.

J.A.R. – H.C.

Vidas póstumas: o caso de Machado de Assis

“Com tempo bastante, vida póstuma bastante, um grande livro termina por encontrar o seu lugar de justiça. E talvez alguns livros precisem ser redescobertos algumas vezes. Memórias Póstumas de Brás Cubas é pelo visto um desses livros, arrebatadoramente originais, radicalmente céticos, que sempre impressionarão os leitores com a força de uma descoberta particular. É pouco provável que soe como um grande elogio dizer que esse romance, escrito mais de um século atrás, parece bem... moderno. Acaso não estamos prontos a reconhecer toda obra que nos fale com originalidade e lucidez como uma das obras que desejamos alistar no que compreendemos como modernidade? Nossos critérios de modernidade são um sistema de ilusões lisonjeadoras, que nos permitem colonizar seletivamente o passado, assim como nossas ideias do que é provinciano permitem que certas partes do mundo desdenhem de todo o resto. Estar morto pode representar um ponto de vista que não pode ser acusado de ser provinciano. Sem dúvida, Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos livros mais divertidamente não provincianos já escritos. E amar esse livro é tornar a si mesmo um pouco menos provinciano a respeito da literatura, a respeito das possibilidades da literatura” (SONTAG, 2005, p. 59-60).

Susan Sontag
(1933-2004)

Referência:

SONTAG, Susan. Vidas póstumas: o caso de Machado de Assis. In: __________. Questão de ênfase: ensaios. Tradução de Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 47-60.

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