Novo poema em forma de soneto, em honra a um gato de raça angorá,
faz-se presente neste espaço. Neste caso, de autoria do
historiador e poeta colombiano Joaquín Tamayo, recolhido à antologia “Parnaso Colombiano”.
Tamayo qualifica o seu bichano de “sibarita”, adotando, com isso, um
sentido figurado para a palavra – voluptuoso, indolente, dado aos prazeres da
vida –, em detrimento do seu sentido denotativo – impróprio no caso –, a designar os habitantes
da antiga cidade grega de Síbaris, na atual faixa meridional da Itália, voltados
ao desfrute de luxos e prazeres.
J.A.R. – H.C.
A Mi Gato
Decansas sibarita
somnoliento,
sobre cogines, de
plumón mullido.
De tu ronrón el
cariñoso ruído
en el silencio de la
noche siento.
Leve entreabres el
párpado un momento
y el ojo de ónix
fijas con descuido,
en el ir y venir del
abatido
pie que recorre el
lúgubre aposento.
¿En qué piensas,
amigo, cuando triste
me ves pasear en las
desiertas horas
en que las noches sus
crespones viste?
Ah, que el misterio
de la vida ignoras
y la amargura para tí
no existe!
Tú, el más feliz de
todos los angoras!
White Cat
Clement Burlison
(1815-1899)
Ao Meu Gato
Descansas sibarita
sonolento,
sobre coxins, de
plumas macias.
De teu ronrom o
carinhoso ruído
no silêncio da noite
sinto.
Leve entreabres a
pálpebra um momento
e o olho de ônix
fixas com descuido,
no ir e vir do
abatido
pé que percorre o
lúgubre aposento.
Em que pensas, amigo,
quando triste
me vês passear nas
desertas horas
em que as noites suas
trevas viste?
Ah, que o mistério da vida ignoras
e a amargura para ti
não existe!
Tu, o mais feliz de
todos os angorás!
Referência:
TAMAYO, Joaquín Restrepo. A mi gato.
In: ORY, Eduardo de (Sel.). Parnaso
colombiano. Edición Facsimilar de la Impressión de 1914. Santa Fé de
Bogotá: Instituto Caro e Cuervo, 1994. p. 210. (Serie ‘La Granada
Entreabierta’, 72)
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