A escritora e poetisa
norte-americana explora nestes versos o tema multíplice da incomunicação, da
insinceridade, do receio de se mostrar vulnerável, do amor não correspondido:
através da história de dois parceiros que se casam, embora a outros desejem, Jong
ilustra como as más interpretações e a incapacidade de expressar sentimentos
verdadeiros podem levar a decisões errôneas e a uma vida de infelicidade.
O relacionamento
prévio ao matrimônio é uma cadeia de mal-entendidos e ações descritas como conducentes
a um “erro de quatro faces”, erro que, de todo modo, não é desfeito e sob cujo
peso os contraentes resignam-se a uma rotina de frustração, sem que, nem de
longe, se tangenciem as expectativas de uma vida de união e de conforto
emocional.
J.A.R. – H.C.
Erica Jong
(n. 1942)
Because she wants to touch him,
she moves away.
Because she wants to talk to him,
she keeps silent.
Because she wants to kiss him,
she turns away
& kisses a man she does not want to kiss.
He watches
thinking she does not want him.
He listens
hearing her silence.
He turns away
thinking her distant
& kisses a girl he does not want to kiss.
They marry each other –
A four-way mistake.
He goes to bed with his wife
thinking of her.
She goes to bed with her husband
thinking of him.
– & all this in a real old-fashioned
four-poster bed.
Do they live unhappily ever after?
Of course.
Do they undo their mistakes?
Never.
Who is the victim here?
Love is the victim.
Who is the villian?
Love that never dies.
Interior com um casal
sentado
(Mariano Fortuny: pintor
espanhol)
Parábola da Cama de
Dossel
Por lhe querer tocar
ela se afasta.
Por querer conversar
com ele
permanece em
silêncio.
Por querer beijá-lo
ela se retira
e beija um homem que
não quer beijar.
Ele a observa
pensando que ela não
o quer.
Ele se põe à escuta
ouvindo o silêncio
dela.
Ele se retira
pensando que ela já
vai longe
e beija uma garota
que não quer beijar.
Os dois se casam –
Um erro de quatro
faces.
Ele vai para a cama
com a esposa
pensando nela.
Ela vai para a cama
com o esposo
pensando nele.
– E tudo isso numa
autêntica cama de dossel
à moda antiga.
Viverão infelizes
para sempre?
Claro que sim.
Hão de desfazer os
seus erros?
Jamais.
Quem é a vítima nesse
caso?
O amor é a vítima.
E quem é o vilão?
O amor que nunca
morre.
Referência:
JONG, Erica. Parable
of the four-poster. In: KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good
poems. New York, NY: Penguin Books, 2003. p. 347-348.
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