O poeta nos convida a
abraçar a vida com paixão e intensidade, desfrutando cada momento sem se lamentar
pelo que, inevitavelmente, há de chegar ao fim: dessa dança vibrante e efêmera
entre o nascimento e a morte o que realmente importa são, aos olhos do falante,
a beleza e a intensidade dos momentos pelos quais passamos.
Não sem motivos, estas
breves “inscrições” foram recolhidas pelo organizador da seleta em referência –
o também poeta Eucanaã Ferraz – à seção “Eu gosto dos que ardem”, em explícita
referência a um dos versos da canção “Senhas”, da cantora e compositora Adriana
Calcanhotto, a propósito, gaúcha como Quintana.
Entre viver “mil anos
a dez” ou “dez anos a mil” – trade-off sugerido pelo roqueiro Lobão na canção “Décadence
avec Élégance”, em meados dos anos 80 –, lá como aqui, opta-se pelo segundo cenário. Que bela associação se poderia fazer ao fogo intenso, de entrega total
ao seu ofício, do grande compositor austríaco Wolfgang A. Mozart (1756-1791), que,
em pouco mais de 35 anos, produziu um acervo memorável de mais de 600 peças
musicais, entre óperas, sinfonias, concertos e outros gêneros!
J.A.R. – H.C.
Mario Quintana
(1906-1994)
Inscrições para uma
lareira
A vida é um incêndio:
nela
dançamos, salamandras
mágicas.
Que importa restarem
cinzas
se a chama foi bela e
alta?
Em meio aos toros que
desabam,
cantemos a canção das
chamas!
Cantemos a canção da
vida,
na própria luz
consumida...
A Lareira
(Childe Hassam: pintor
norte-americano)
Referência:
QUINTANA, Mario.
Inscrições para uma lareira. In: FERRAZ, Eucanaã (Seleção, organização e
prefácio). Veneno antimonotonia. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2005. p.
79.
❁


Nenhum comentário:
Postar um comentário