Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Soledad Álvarez - Arte Poética

A poetisa dominicana fala-nos, aqui, do processo de gestação – e de transposição a um texto – da poesia que espreita em cada canto da realidade: a seu ver, o poema não se deixa subornar com facilidade, não consistindo em mera descrição óbvia de fatos, de histórias ocorridas no quotidiano do poeta ou, porventura, da própria humanidade.

 

Se o poema “banqueteia-se de dores” é porque, como muito já se disse, a beleza dos versos muitas vezes se vale de uma tristeza essencial, quase como em equivalência aos versos do “Samba da Benção”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, comutando-se a palavra “samba” por “poema”: “Mas pra fazer um samba com beleza / é preciso um bocado de tristeza; / senão, não se faz um samba, não”.

 

J.A.R. – H.C.

 

Soledad Álvarez

(n. 1950)

 

Arte Poética

 

Ese que acecha

festejando dolores

disse de historias en ocasiones

demasiado evidentes.

Impertinente, no se deja comprar

hace sentir su presencia en lugares disímiles

nos conmina con fúria y aúlla para mostrar su desacuerdo.

Compañero tormentoso

ese

poema

espera tranquilo para ser desplazado.

 

Homero recitando seus poemas

na cidade de Argos

(Denis A. Volozan: pintor francês)

 

Arte Poética

 

Esse que espreita,

banqueteando-se de dores,

divulga histórias que às vezes

são óbvias demais.

Impertinente, não se deixa comprar,

faz sentir sua presença nos mais distintos lugares,

intimida-nos com fúria, uivando para mostrar seu desacordo.

Companheiro tempestuoso,

esse

poema

espera tranquilo para ser transposto.

 

Referência:

 

ÁLVAREZ, Soledad. Arte poética. In: DE FILIPPIS, Daisy Cocco (Selección y Prólogo). Sin otro profeta que su canto: antología de poesía escrita por dominicanas. Santo Domingo, DO: Editora Taller, jul. 1988. p. 121. (‘Biblioteca Taller’; n. 263)

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