Alpes Literários

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Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Richard Wilbur - A mente

À luz da metáfora de Wilbur, a mente humana seria como um morcego dentro de uma caverna, vivendo as condições de contorno que lhe são injungidas para que venha a bem se realizar neste mundo, conhecendo, por conseguinte, as linhas perimetrais onde capaz de se mover, ainda que o voo se dê ante a ausência de luzes.

 

Câmbios sobrevêm sob a égide de “felizes intelecções” ou “graciosos erros”, de forma a “corrigir” essa caverna – uma espécie de símile da “Caverna de Platão” –, permitindo-nos ir além de nossas experiências, memórias, ideias, opiniões, quando então sairemos à luz, expondo-nos a um cenário de riscos, embora, por outro lado, também passível de maiores conquistas.

 

J.A.R. – H.C.

 

Richard Wilbur

(1921-2017)

 

Mind

 

Mind in its purest play is like some bat

That beats about in caverns all alone,

Contriving by a kind of senseless wit

Not to conclude against a wall of stone.

 

It has no need to falter or explore;

Darkly it knows what obstacles are there,

And so may weave and flitter, dip and soar

In perfect courses through the blackest air.

 

And has this simile a like perfection?

The mind is like a bat. Precisely. Save

That in the very happiest intellection

A graceful error may correct the cave.

 

O morcego

(Vincent van Gogh: pintor holandês)

Autoria controversa

 

A mente

 

Em seu jogo mais puro é um morcego

Voando solitário pelas grutas

E usando o engenho para ter por lei

O não findar de encontro à pedra bruta.

 

Não precisa vacilar, não tateia;

Sabe sombria das suas barreiras

E entre as malhas de trama passeia

Pelo ar mais negro em seu justo roteiro.

 

Pois pode haver melhor comparação?

A mente é um morcego. Mas às vezes se escuta

Dizer que alguma delas, de eleição,

Pode num erro corrigir a gruta...

 

Referência:

 

WILBUR, Richard. Mind / A mente. Tradução de Jorge Wanderley. In: WANDERLEY, Jorge (Seleção, tradução e notas). Antologia da nova poesia norte-americana. Edição bilíngue. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1992. Em inglês: p. 238; em português: p. 239.

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