À luz da metáfora de
Wilbur, a mente humana seria como um morcego dentro de uma caverna, vivendo as
condições de contorno que lhe são injungidas para que venha a bem se realizar neste
mundo, conhecendo, por conseguinte, as linhas perimetrais onde capaz de se
mover, ainda que o voo se dê ante a ausência de luzes.
Câmbios sobrevêm sob
a égide de “felizes intelecções” ou “graciosos erros”, de forma a “corrigir” essa
caverna – uma espécie de símile da “Caverna de Platão” –, permitindo-nos ir além
de nossas experiências, memórias, ideias, opiniões, quando então sairemos à luz,
expondo-nos a um cenário de riscos, embora, por outro lado, também passível de maiores
conquistas.
J.A.R. – H.C.
Richard Wilbur
(1921-2017)
Mind
Mind in its purest
play is like some bat
That beats about in
caverns all alone,
Contriving by a kind
of senseless wit
Not to conclude
against a wall of stone.
It has no need to
falter or explore;
Darkly it knows what
obstacles are there,
And so may weave and
flitter, dip and soar
In perfect courses
through the blackest air.
And has this simile a
like perfection?
The mind is like a
bat. Precisely. Save
That in the very
happiest intellection
A graceful error may
correct the cave.
O morcego
(Vincent van Gogh:
pintor holandês)
Autoria controversa
A mente
Em seu jogo mais puro
é um morcego
Voando solitário
pelas grutas
E usando o engenho
para ter por lei
O não findar de
encontro à pedra bruta.
Não precisa vacilar,
não tateia;
Sabe sombria das suas
barreiras
E entre as malhas de
trama passeia
Pelo ar mais negro em
seu justo roteiro.
Pois pode haver
melhor comparação?
A mente é um morcego.
Mas às vezes se escuta
Dizer que alguma
delas, de eleição,
Pode num erro
corrigir a gruta...
Referência:
WILBUR, Richard. Mind
/ A mente. Tradução de Jorge Wanderley. In: WANDERLEY, Jorge (Seleção, tradução
e notas). Antologia da nova poesia norte-americana. Edição bilíngue. Rio
de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1992. Em inglês: p. 238; em português:
p. 239.
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