O ente lírico indigna-se
com o fato de que alguns prováveis lenhadores tenham cortado galhos de uma
árvore para obter madeira, deixando-a debilitada: apressa-se então a tratar as
suas cicatrizes para que se restabeleça o quanto antes, visitando-a com
frequência para se certificar de que tudo avança a contento.
Os versos progridem em
paralelos quanto ao que ocorre com a árvore e o que sente o falante: ambos não
perdem as esperanças ante os traumas e agravos da vida, confiando que ela tem o
dom de regenerar, de restaurar o anterior estado de equilíbrio, deixando que as
marcas das feridas continuem para sempre ostensivas, para reavivar as
lembranças de nossos superados embates.
J.A.R. – H.C.
Conrad Ferdinand
Meyer
(1825-1898)
Der Verwundete Baum
Sie haben mit dem
Beile dich zerschnitten,
Die Frevler – hast du
viel dabei gelitten?
Ich selber habe
sorglich dich verbunden
Und traue: Junger
Baum, du wirst gesunden!
Auch ich erlitt zu
schier derselben Stunde
Von schärferm Messer
eine tiefre Wunde.
Zu untersuchen komm
ich deine täglich,
Und meine fühl ich
brennen unerträglich.
Du saugest gierig ein
die Kraft der Erde,
Mir ist, als ob auch
ich durchrieselt werde!
Der frische Saft quillt
aus zerschnittner Rinde
Heilsam. Mir ist, als
ob auch ichs empfinde!
Indem ich deine sich
erfrischen fühle,
Ist mir, als ob sich
meine Wunde kühle!
Natur beginnt zu
wirken und zu weben,
Ich traue: Beiden
geht es nicht ans Leben!
Wie viele, so
verwundet, welkten, starben!
Wir beide prahlen
noch mit unsern Narben!
Estudo de uma árvore
abatida
(Friedrich Carl von
Scheidlin: pintor austríaco)
A Árvore Ferida
Cortaram-te com o machado,
Os perversos –
sofreste muito com isso?
Eu mesmo
cuidadosamente te enfaixei.
Confia: jovem árvore,
haverás de te recuperar!
Quase à mesma hora
também sofri
Uma ferida profunda
da mais afiada lâmina.
Diariamente venho
examinar o teu lanho
E logo do meu sinto o
arder excruciante.
Sugas com avidez a
energia da terra,
E é como se também ela
me perpassasse!
A seiva fresca brota
do córtex golpeado,
Curativamente. Sinto
por igual esse alento!
Ao perceber que a tua
ferida se revigora,
Sinto como se a minha
esmorecesse!
A natureza começa a laborar
e a tecer,
Eu confio: a vida nos
poupa de preocupações!
Quantos, tão feridos,
murcharam, morreram!
As nossas cicatrizes
nós ainda as ostentamos!
Referência:
MEYER, Conrad Ferdinand. Der verwundete baum. In: __________. Gedichte. Fünfte vermehrte auflage. Leipzig, DE: Verlag von H. Haeijer, 1892. s. 50.
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