Nada daquele sentido
de abundância que se traduz em acumular bens ou coisas que vão atulhar os
cômodos e as prateleiras de uma residência. Ou seja: os versos curtos deste
poema de Ryan alinham-se aos princípios do “essencialismo”, segundo os
preceitos do “menos é mais”, permitindo se levar uma vida mais simples, menos
movida por objetivos dominantemente materiais.
Com efeito, eventos
circunstanciais, como a presença de hóspedes, são tomados como se frequentes,
reiterados fossem, induzindo, desse modo, a provisão fixa de todo um acervo
patrimonial, cujos recursos, de outro, poderiam ser investidos em experiências
ou em necessidades que tenham um sentido maior de precedência.
J.A.R. – H.C.
Kay Ryan
(n. 1945)
That Will to Divest
Action creates
a taste
for itself.
Meaning: once
you’ve swept
the shelves
of spoons
and plates
you kept
for guests,
it gets harder
not to also
simplify the larder,
not to dismiss
rooms, not to
divest yourself
of all the chairs
but one, not
to test what
singleness can bear,
once you’ve begun.
Deliberação
(Mario Sánchez
Nevado: pintor espanhol)
Que Vontade de se Desfazer
A ação cria
um gosto
por si mesma.
Ou seja: uma vez
que tenhas eliminado
as prateleiras
de colheres
e de pratos
que mantinhas
para os hóspedes,
torna-se mais difícil
não simplificar
também a despensa,
não abrir mão de
cômodos, não se desfazer
de todas as cadeiras,
exceto uma, não
testar
o que a simplicidade
é capaz de suportar,
uma vez que hajas
começado.
Referência:
RYAN, Kay. That will
to divest. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary
american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p.
532-533.
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