Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Kay Ryan - Que Vontade de se Desfazer

Nada daquele sentido de abundância que se traduz em acumular bens ou coisas que vão atulhar os cômodos e as prateleiras de uma residência. Ou seja: os versos curtos deste poema de Ryan alinham-se aos princípios do “essencialismo”, segundo os preceitos do “menos é mais”, permitindo se levar uma vida mais simples, menos movida por objetivos dominantemente materiais.

 

Com efeito, eventos circunstanciais, como a presença de hóspedes, são tomados como se frequentes, reiterados fossem, induzindo, desse modo, a provisão fixa de todo um acervo patrimonial, cujos recursos, de outro, poderiam ser investidos em experiências ou em necessidades que tenham um sentido maior de precedência.

 

J.A.R. – H.C.

 

Kay Ryan

(n. 1945)

 

That Will to Divest

 

Action creates

a taste

for itself.

Meaning: once

you’ve swept

the shelves

of spoons

and plates

you kept

for guests,

it gets harder

not to also

simplify the larder,

not to dismiss

rooms, not to

divest yourself

of all the chairs

but one, not

to test what

singleness can bear,

once you’ve begun.

 

Deliberação

(Mario Sánchez Nevado: pintor espanhol)

 

Que Vontade de se Desfazer

 

A ação cria

um gosto

por si mesma.

Ou seja: uma vez

que tenhas eliminado

as prateleiras

de colheres

e de pratos

que mantinhas

para os hóspedes,

torna-se mais difícil

não simplificar

também a despensa,

não abrir mão de

cômodos, não se desfazer

de todas as cadeiras,

exceto uma, não testar

o que a simplicidade é capaz de suportar,

uma vez que hajas começado.

 

Referência:

 

RYAN, Kay. That will to divest. In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 532-533.

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