Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Friedrich Hölderlin - Metade da Vida

Na seção inicial deste poema de Hölderlin despontam alusões à natureza em pleno verão e/ou primavera, a primeira metade de uma vida que se pretende pulsante, esperançada, dinâmica: peras amarelas, rosas silvestres e cisnes em meio às águas “santas e sóbrias” de um lago. Já passei por tais sazões! (rs)

 

Agora estou, como Hölderlin em pensamentos, numa zona de transição entre o outono e o inverno, o tema de sua estrofe final: ainda há dinâmica suficiente, mas os interesses mudaram bastante. O que haverá sobre essas longas águas que começam a refletir as luzes de um fim de tarde?

 

Cisnes, cisnes na linha do tempo... Quem não os associaria à expressão “o canto do cisne”, extraída a uma lenda segundo a qual, a ave, ao perceber a chegada da morte, entoaria uma canção de despedida bela e serena?!

 

J.A.R. – H.C.

 

Friedrich Hölderlin

(1770-1843)

 

Hälfte des Lebens

 

Mit gelben Birnen hänget

Und voll mit wilden Rosen

Das Land in den See,

Ihr holden Schwäne,

Und trunken von Küssen

Tunkt ihr das Haupt

Ins heilignüchterne Wasser.

 

Weh mir, wo nehm ich, wenn

Es Winter ist, die Blumen, und wo

Den Sonnenschein,

Und Schatten der Erde?

Die Mauern stehn

Sprachlos und kalt, im Winde

Klirren die Fahnen.

 

Natureza-morta amarela com peras

(Larissa Uvarova: artista ucraniana)

 

Metade da Vida

 

Peras amarelas

E rosas silvestres

Da paisagem sobre a

Lagoa.

 

Ó cisnes graciosos,

Bêbedos de beijos,

Enfiando a cabeça

Na água santa e sóbria!

 

Ai de mim, aonde, se

É inverno agora, achar as

Flores? e aonde

O calor do sol

E a sombra da terra?

Os muros avultam

Mudos e frios; à fria nortada

Rangem os cata-ventos.

 

Referências:

 

Em Alemão

 

HÖLDERLIN, Friedrich. Hälfte des lebens. Disponível neste endereço. Acesso em: 27 ago. 2022.

 

Em Português

 

HÖLDERLIN, Friedrich. Metade da vida. Tradução de Manuel Bandeira. In: BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. 3. ed., revista e aumentada. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. p. 130. (Coleção ‘Rubáiyát’)

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