Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Joan Barringer - Meu Anjo Alado

A voz poética, neste poema, é de uma mãe que acaba de perder o filho, poucos momentos depois de seu nascimento: haveria algo mais dorido, até mais que o próprio parto, para uma mulher que leva dentro de si uma vida em “preparo” por nove meses, com expectativas fundadas de, num futuro próximo ou mediato, comprazer-se em alegrias, companhia, desvelo materno e felicidade?!

 

Uma nota: a rigor, não poderia validar se a foto abaixo aposta é, de fato, da autora do poema, pois poucas são as informações biográficas sobre ela na grande rede, as quais, de todo modo, em alguns pontos – em especial, no portal de poesia do escritor Antonio Miranda –, se associam à aludida imagem, daí porque aqui inserta.

 

J.A.R. – H.C.

 

Joan Barringer

(n. 1955)

 

My Risen Angel

 

Rise up! Little angel, to Heaven.

Limho is only half way up the stairs.

Your candle has no flame,

To which age may burn it down.

 

Time held by fate,

Only a few seconds did you hold,

In your tiny fresh-skined hands.

Your body

Could not harden to think.

The crystal ball held the sunshine,

Hidden by your view.

 

Fear not, little lamb.

The Creator has not forsaken.

For you saw not a drop of rain.

You drank the milk,

And felt the sheep,

Of your natural mother.

 

Do not drown your face of pearls,

Little one,

For a small sleep,

Molds only a flash of night

and...

Your Father

awaits

at the top.

 

Querubins

(Rafael Sanzio: pintor italiano)

 

Meu Anjo Alado

 

Sobe, anjinho, ao céu!

Limbo é só o meio caminho da escada.

Tua vela não tem a chama

pela qual a idade a vai queimando.

 

O tempo contido pelo destino

só poucos segundos se manteve

em tuas pequenas e frescas mãos.

Teu corpo

não pôde deter-se para pensar.

A bola de cristal contém a aurora

atrás de tua visão.

 

Não tenhas medo, cordeirinho,

o Criador não te abandonou

porque não viste uma gota de chuva.

Bebeste o leite

e sentiste o gosto

de tua mãe natural.

 

Não afogues tua face de pérola,

pequenino,

porque um soninho

prende apenas um instante da noite

e...

teu Pai

espera

lá em cima.

 

Referência:

 

BARRINGER, Joan. My risen angel / Meu anjo alado. Tradução de Yolanda Jordão. Revista da Academia Brasiliense de Letras. Brasília (DF), ano VIII, n. 9, set. 1989. Em inglês: p. 167; em português: p. 166.

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