Enright descreve o
que se passa dentro de uma composição de metrô numa cidade qualquer – bem
poderia ser Londres, onde originalmente teria surgido a ideia de se divulgar poemas
curtos em espaços à volta do serviço público de transporte –, com a sua variada
“fauna” humana: leitores, jovens, velhos, turistas, bêbados, loucos e, claro,
poetas – como o próprio autor.
Exatamente para
vencer o distanciamento e a indiferença vigentes nos ambientes de transporte
coletivo – assim como descritos por Enright –, que o empreendimento foi lançado
em meados de jan/86, na Estação Aldwych (Londres, EN): na página inicial do ‘site’
do projeto (vide aqui), divulga-se
a ideia de que “a poesia oferece esperança e uma voz por meio da qual se pode
falar em tempos difíceis”.
J.A.R. – H.C.
D. J. Enright
(1920-2002)
Poem on the
Underground
Proud readers
Hide behind tall
newspapers.
The young are all
arms and legs
Knackered by youth.
Tourists sit bolt
upright
Trusting in nothing.
Only the drunk and
the crazy
Aspire to converse.
Only the poet
Peruses his poem
among the adverts.
Only the elderly
person
Observes the request
that that seat
be offered to an
elderly person.
No metrô
(Louis Toffoli: pintor
francês)
Poema no Metrô
Leitores orgulhosos
Escondem-se por trás
de aprumados jornais.
Os jovens são todos
braços e pernas
Extenuados pela
juventude.
Turistas sentam-se
bem eretos
Não confiando em
nada.
Apenas bêbados e
loucos
Aspiram a conversar.
Somente o poeta examina
O seu poema entre os
anúncios publicitários.
Apenas a pessoa idosa
Observa o requisito
de que um dado assento
seja oferecido a uma
pessoa idosa.
Referência:
ENRIGHT, D. J. Poem
on the underground. In: BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely
(Eds.). Best poems on the underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, 2009. p. 91.
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