Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 13 de setembro de 2022

D. J. Enright - Poema no Metrô

Enright descreve o que se passa dentro de uma composição de metrô numa cidade qualquer – bem poderia ser Londres, onde originalmente teria surgido a ideia de se divulgar poemas curtos em espaços à volta do serviço público de transporte –, com a sua variada “fauna” humana: leitores, jovens, velhos, turistas, bêbados, loucos e, claro, poetas – como o próprio autor.

 

Exatamente para vencer o distanciamento e a indiferença vigentes nos ambientes de transporte coletivo – assim como descritos por Enright –, que o empreendimento foi lançado em meados de jan/86, na Estação Aldwych (Londres, EN): na página inicial do ‘site’ do projeto (vide aqui), divulga-se a ideia de que “a poesia oferece esperança e uma voz por meio da qual se pode falar em tempos difíceis”.

 

J.A.R. – H.C.

 

D. J. Enright

(1920-2002)

 

Poem on the Underground

 

Proud readers

Hide behind tall newspapers.

 

The young are all arms and legs

Knackered by youth.

 

Tourists sit bolt upright

Trusting in nothing.

 

Only the drunk and the crazy

Aspire to converse.

 

Only the poet

Peruses his poem among the adverts.

 

Only the elderly person

Observes the request that that seat

be offered to an elderly person.

 

No metrô

(Louis Toffoli: pintor francês)

 

Poema no Metrô

 

Leitores orgulhosos

Escondem-se por trás de aprumados jornais.

 

Os jovens são todos braços e pernas

Extenuados pela juventude.

 

Turistas sentam-se bem eretos

Não confiando em nada.

 

Apenas bêbados e loucos

Aspiram a conversar.

 

Somente o poeta examina

O seu poema entre os anúncios publicitários.

 

Apenas a pessoa idosa

Observa o requisito de que um dado assento

seja oferecido a uma pessoa idosa.

 

Referência:

 

ENRIGHT, D. J. Poem on the underground. In: BENSON, Gerard; CHERNAIK, Judith; HERBERT, Cicely (Eds.). Best ‎‎poems on the underground. 1st. publ. London, EN: Weidenfeld & Nicolson, ‎‎2009. p. 91.

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