Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Augusto de Guimaraens Cavalcanti - Vaga-lume

Como um vaga-lume, o poeta, sob a ótica do autor carioca, é um “narciso das estrelas”, um valdevinos-noctâmbulo, fazendo luzir em suas tramas encantatórias certa pátina urbana, beatnik, iconoclasta: vive ele num mundo de nostalgias, imaginando-se transposto por viadutos e túneis que conectam díspares tribos citadinas, sem que pertença a nenhuma delas.

Ao confrontar os vocábulos “vira-lata” e “violino”, Cavalcanti leva-me a crer que esteja a afirmar que o vate – esse “profeta de meias verdades” – abriga em si tanto a hipótese do poeta de rua, do cancioneiro popular, que transaciona o fruto de seu trabalho em bares, cantinas e cafés, quanto a do poeta que, por homologia, assume uma postura clássica, com mais “pedigree”, sendo publicado por editoras de maior alcance. Ou seria tal apreensão mera conjectura sem sentido?!

J.A.R. – H.C.

 

Augusto de Guimaraens Cavalcanti

(n. 1984)

 

Vaga-lume

 

Narciso das estrelas,

todo poeta é um vaga-lume,

anda por becos, lugares escuros

profeta de meias verdades,

vira-lata e violino ao mesmo tempo,

todo poeta tem um veneno de veludo (azul).

Vagabundo (iluminado)

beatnik, percorrendo tribos,

o poeta não é de tribo nenhuma,

o poeta é viaduto,

túnel, sombra, sonho,

narciso de estrelas,

noturno,

nostálgico,

urbano.

 

O poeta com bandolim

(Carolus-Duran: pintor francês)


Referência:

CAVALCANTI, Augusto de Guimaraens. Vaga-lume. In: VALLE, Camila do; PAVÓN, Cecilia (Sels.). Caos portátil: poesía contemporánea del Brasil. Edición bilingüe: Portugués x Español. Traducción de Cecilia Pavón. 1. ed. México, DF: EBL – Ediciones El Billar de Lucrecia, oct. 2007. p. 172 e 174. (‘Poesía Latinoamericana’)

Nenhum comentário:

Postar um comentário