Um estado a que muitos pais chegam,
depois de ver os filhos crescidos e começando a sair do ninho: depois da
adolescência, eles já não têm muito respeito pelas ideias de seus genitores –
alguns até se opõem a elas frontal e desrespeitosamente –, passando a chamá-los
de “velhos”, porque o que agora mais conta são as propostas da “nova geração”.
Mas alto lá! Há uma antiga canção, de
1976, de autoria do falecido cantor e compositor cearense Belchior (1946-2017),
que fez sucesso na voz da inesquecível gaúcha Elis Regina (1945-1982), a saber,
“Como nossos Pais”, na qual a voz lírica – digamos melhor, o próprio Belchior –,
revela: “Minha dor é perceber / que apesar de termos / feito tudo o que fizemos
/ ainda somos os mesmos / e vivemos / ainda somos os mesmos / e vivemos / como
os nossos pais”. Alguma dúvida?!
J.A.R. – H.C.
Thomas Lux
(1946-2017)
A Little Tooth
Your baby grows a
tooth, then two,
and four, and five,
then she wants some meat
directly from the
bone. It’s all
over: she’ll learn
some words, she’ll fall
in love with cretins,
dolts, a sweet
talker on his way to
jail. And you,
your wife, get old,
flyblown, and rue
nothing. You did, you
loved, your feet
are sore. It’s
dusk. Your daughter’s tall.
Autorretrato
(Mary S. Cassatt:
pintora norte-americana)
Um Pequeno Dente
Em tua criança nasce
um dente, depois dois, e quatro,
e cinco, então ela passa
a querer um pouco de carne
trinchada diretamente
do osso. Tudo está consumado:
ela aprenderá algumas
palavras, se apaixonará
por cretinos,
palermas, um cativante
conversador a caminho
da prisão. E tu
e tua esposa
envelhecem, se debilitam e de nada
se arrependem. Tu a
geraste, a amaste e, agora, doem-te
os pés. É o ocaso.
Tua filha já é adulta.
Referência:
LUX, Thomas. A little tooth. In:
KEILLOR, Garrison (Selector and Introducer). Good poems. New York, NY: Penguin Books, 2003. p. 176.
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