Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Stanley Plumly - Incidente Durante a Espera de um Trem

Apesar de o título original empregar a palavra “detail” (“detalhe”), preferi empregar a palavra “incidente”, pois é o que, de fato, ocorre enquanto o ente lírico encontra-se à espera de um trem na movimentada gare “Penn Station”, em New York (EUA): um homem cai ao chão e, numa tentativa de trazê-lo de volta à vida, os médicos de plantão tentam as técnicas de reanimação cardiorrespiratória, sem sucesso.

O formato do poema lembra o de um soneto, embora não em sua distribuição convencional (4-4-3-3), senão num arranjo bem distinto (4-3-4-3). E sobre o tema, nem se diga que, em locais de ampla aglomeração de pessoas, logo se forma aquele círculo de curiosos, alguns até tentando ajudar, embora, no mais das vezes, apenas a tornar obstruído o agrupamento, dificultando a ação dos que se dedicam a dar contornos profissionais aos efeitos da ocorrência.

J.A.R. – H.C.

Stanley Plumly
(1939-2019)

Detail Waiting for a Train

The main floor of Penn Station, early,
the first commuters arriving, leaving,
the man outstretched on his coat,
wide circles of survivors forming.

He’s half in, half out of his clothes,
being kissed and cardio-shocked,
though he was likely dead before he landed.

This goes on for minutes, minutes more,
until the medics unhook the vanished heart,
move him onto the cot and cover him
with the snow-depth of a sheet

and wheel him the fluorescent length
of the hall through gray freight doors
that open on their own and close at will.

A Estação São Lázaro
(Claude Monet: pintor francês)

Incidente Durante a Espera de um Trem

No andar principal da Penn Station, bem cedo,
chegam e logo partem os primeiros passageiros,
e à volta de um homem estendido sobre o capote,
amplos círculos de sobreviventes se formam.

Ele está meio vestido e meio livre de suas roupas,
sob tentativa de reanimação cardiorrespiratória,
embora talvez estivesse morto antes de tocar o chão.

Assim sucede por minutos, por alguns minutos mais,
até que os médicos se rendem ao coração ausente,
movem-no para o catre e cobrem-no com um lençol
de uma alvura extrema como a neve,

e conduzem-no ao longo de um corredor fluorescente,
através de portas transitárias cinzentas que se abrem
por conta própria e se fecham à vontade.

Referência:

PLUMLY, Stanley. Detail waiting for a train. In: KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good poems for hard times. New York, NY: Penguin Books, 2006. p. 61.

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