Apesar de o título original empregar a palavra “detail” (“detalhe”),
preferi empregar a palavra “incidente”, pois é o que, de fato, ocorre enquanto
o ente lírico encontra-se à espera de um trem na movimentada gare “Penn Station”,
em New York (EUA): um homem cai ao chão e, numa tentativa de trazê-lo de volta
à vida, os médicos de plantão tentam as técnicas de reanimação
cardiorrespiratória, sem sucesso.
O formato do poema lembra o de um soneto, embora não em sua distribuição
convencional (4-4-3-3), senão num arranjo bem distinto (4-3-4-3). E sobre o
tema, nem se diga que, em locais de ampla aglomeração de pessoas, logo se forma
aquele círculo de curiosos, alguns até tentando ajudar, embora, no mais das
vezes, apenas a tornar obstruído o agrupamento, dificultando a ação dos que se
dedicam a dar contornos profissionais aos efeitos da ocorrência.
J.A.R. – H.C.
Stanley Plumly
(1939-2019)
Detail Waiting for a Train
The main floor of
Penn Station, early,
the first commuters
arriving, leaving,
the man outstretched
on his coat,
wide circles of
survivors forming.
He’s half in, half
out of his clothes,
being kissed and
cardio-shocked,
though he was likely
dead before he landed.
This goes on for
minutes, minutes more,
until the medics
unhook the vanished heart,
move him onto the cot
and cover him
with the snow-depth
of a sheet
and wheel him the
fluorescent length
of the hall through
gray freight doors
that open on their
own and close at will.
A Estação São Lázaro
(Claude Monet: pintor
francês)
Incidente Durante a Espera de um Trem
No andar principal da
Penn Station, bem cedo,
chegam e logo partem
os primeiros passageiros,
e à volta de um homem
estendido sobre o capote,
amplos círculos de
sobreviventes se formam.
Ele está meio vestido
e meio livre de suas roupas,
sob tentativa de
reanimação cardiorrespiratória,
embora talvez
estivesse morto antes de tocar o chão.
Assim sucede por
minutos, por alguns minutos mais,
até que os médicos se
rendem ao coração ausente,
movem-no para o catre
e cobrem-no com um lençol
de uma alvura extrema
como a neve,
e conduzem-no ao
longo de um corredor fluorescente,
através de portas
transitárias cinzentas que se abrem
por conta própria e
se fecham à vontade.
Referência:
PLUMLY, Stanley. Detail waiting for a
train. In: KEILLOR, Garrison (Selection and Introduction). Good poems for hard times. New York, NY: Penguin Books, 2006. p.
61.
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