Temos aqui mais uma das 3 (três) partes do poema de Meredith,
nomeadamente a segunda – “As consequências do amor” –, na qual o poeta discorre
sobre o fato de que praticamente ninguém muda ninguém no relacionamento
conjugal; se tanto, as pessoas, quando resolvem, modificam-se autonomamente.
Isso porque elas “giram” à volta do seu próprio sol e, caso venham a ser
perguntadas como gostariam que fossem, na maior parte dos casos, respondem que
são exatamente como pretendiam ser – e não de outro modo –, o que sugere que
não estão muito dispostas a mudar eventuais comportamentos que, aos olhos dos
outros, mostrem-se repreensíveis.
J.A.R. – H.C.
William Meredith
(1919-2007)
Consequences of love (II)
People love each
other and the light
Of love gilds but
doesn’t alter,
People don’t change
one another, can scarcely
By taking will and
thought add a little
Now and then to their
own statures
Which, praise them,
they do,
So that here we are
in all our sizes
Flooded in the
impartial daylight sometimes,
Spotted sometimes in
a light we make ourselves,
Human, the beams of
attention
Of social animals at
their work
Which is loving; and
sometimes all dark.
The only correction
is
By you of you, by me
of me.
People are worth
looking at in this light
And if you listen
what they are saying is,
Love me sun out there
whoever you are,
Chasing me from bed
in the morning,
Spooking me all day
with shadow,
Surprising me
whenever you fall;
Make me conspicuous
as I go here,
Spotted by however
many beams,
Now light, finally
dark. I fear
There is meant to be a lot of darkness,
You hear them say,
but every last creature
Is the one it meant
to be.
Sem peso
(Denis Sarazhin:
pintor ucraniano)
As consequências do amor (II)
As pessoas se amam e
a luz
Do amor as torna
atraentes, mas não as transforma,
As pessoas não se
modificam mutuamente, mal conseguem,
Por ato de vontade e
pensamento, agregar um pouco,
De vez em quando, às
suas próprias estaturas,
O que, louvado seja, elas
o fazem,
De modo que aqui
estamos em todos os nossos tamanhos,
Inundados, às vezes,
pela imparcial luz do dia,
Outras vezes, vistos
sob uma luz gerada por nós mesmos,
Humanos, os raios de
atenção
Dos animais sociais direcionados
ao seu trabalho,
Que é amável; mas às
vezes totalmente obscuro.
A única corrigenda parte
de ti para ti, de mim
para mim.
Vale a pena observar
as pessoas sob essa luz
E se escutas o que
elas dizem, compreenderás:
O sol lá fora que me
ame, seja ele quem seja,
Importunando-me desde
a cama pela manhã,
Assustando-me todo o
dia com sombras,
Surpreendendo-me a
cada vez que declina;
Torne-me conspícua
enquanto por aqui vou,
Avistada desde logo por
muitos raios,
Clara por ora, escura
ao fim. Temo
Que se supõe haver muita escuridão,
Tu a escutas dizer, porém
até a última das criaturas
É a pessoa que
pretendia ser.
Referência:
MEREDITH, William. Consequences of love
(II). In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The
vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books
(A Division of Random House Inc.),
march 2003. p. 113-114.
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