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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 19 de abril de 2020

William Meredith - As consequências do amor

Temos aqui mais uma das 3 (três) partes do poema de Meredith, nomeadamente a segunda – “As consequências do amor” –, na qual o poeta discorre sobre o fato de que praticamente ninguém muda ninguém no relacionamento conjugal; se tanto, as pessoas, quando resolvem, modificam-se autonomamente.

Isso porque elas “giram” à volta do seu próprio sol e, caso venham a ser perguntadas como gostariam que fossem, na maior parte dos casos, respondem que são exatamente como pretendiam ser – e não de outro modo –, o que sugere que não estão muito dispostas a mudar eventuais comportamentos que, aos olhos dos outros, mostrem-se repreensíveis.

J.A.R. – H.C.

William Meredith
(1919-2007)

Consequences of love (II)

People love each other and the light
Of love gilds but doesn’t alter,
People don’t change one another, can scarcely
By taking will and thought add a little
Now and then to their own statures

Which, praise them, they do,
So that here we are in all our sizes
Flooded in the impartial daylight sometimes,
Spotted sometimes in a light we make ourselves,
Human, the beams of attention
Of social animals at their work
Which is loving; and sometimes all dark.

The only correction is
By you of you, by me of me.
People are worth looking at in this light
And if you listen what they are saying is,
Love me sun out there whoever you are,
Chasing me from bed in the morning,
Spooking me all day with shadow,
Surprising me whenever you fall;
Make me conspicuous as I go here,
Spotted by however many beams,
Now light, finally dark. I fear
There is meant to be a lot of darkness,
You hear them say, but every last creature
Is the one it meant to be.

Sem peso
(Denis Sarazhin: pintor ucraniano)

As consequências do amor (II)

As pessoas se amam e a luz
Do amor as torna atraentes, mas não as transforma,
As pessoas não se modificam mutuamente, mal conseguem,
Por ato de vontade e pensamento, agregar um pouco,
De vez em quando, às suas próprias estaturas,

O que, louvado seja, elas o fazem,
De modo que aqui estamos em todos os nossos tamanhos,
Inundados, às vezes, pela imparcial luz do dia,
Outras vezes, vistos sob uma luz gerada por nós mesmos,
Humanos, os raios de atenção
Dos animais sociais direcionados ao seu trabalho,
Que é amável; mas às vezes totalmente obscuro.

A única corrigenda parte
de ti para ti, de mim para mim.
Vale a pena observar as pessoas sob essa luz
E se escutas o que elas dizem, compreenderás:
O sol lá fora que me ame, seja ele quem seja,
Importunando-me desde a cama pela manhã,
Assustando-me todo o dia com sombras,
Surpreendendo-me a cada vez que declina;
Torne-me conspícua enquanto por aqui vou,
Avistada desde logo por muitos raios,
Clara por ora, escura ao fim. Temo
Que se supõe haver muita escuridão,
Tu a escutas dizer, porém até a última das criaturas
É a pessoa que pretendia ser.

Referência:

MEREDITH, William. Consequences of love (II). In: McCLATCHY, J. D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 113-114.

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